Uma professora aposentada de Pernambuco é a prova viva de que conhecimento nunca é demais. Aos 90 anos, Dorothi Lira da Silva iniciou a sexta graduação e agora é estudante de jornalismo na Unicap (Universidade Católica de Pernambuco).
Dorothi já é formada em pedagogia, ensino religioso, ciências físicas e biológicas, matemática e direito, curso que concluiu no final do ano passado em uma faculdade de Olinda.
A experiente estudante diz que sua trajetória acadêmica exemplar não seria possível sem o apoio dos seis filhos, seis netos e quatro bisnetos. “Eles acham que, quando estou na escola, fico melhor, fico mais alegre”.
Jornalismo sempre foi um sonho
Aos 14 anos, Dorothi lia os artigos do Diário de Pernambuco para o pai, que era analfabeto. Por esse motivo, ela escolheu seguir o caminho da educação, embora sempre sonhasse em trilhar uma carreira que lhe permitisse escrever mais.
Em Palmares, terra natal, ela atuou como professora de matemática após se formar em Ciências Físicas e Biológicas. Dorothi também foi supervisora do Colégio Municipal Augusto Pinto Ribeiro e diretora da Escola Estadual Ascenso Ferreira.
‘Meu marido não gostava, mas eu ia mesmo assim’
Para permanecer na rede estadual de ensino, precisava ter formação em pedagogia. Ela então iniciou a graduação em Caruaru. Dorothi conta que saía de Palmares todas as noites para a Faculdade de Ciências, Letras e Filosofia (Fafica).
“Passei poucas e boas. Meu marido não gostava, mas eu ia mesmo assim”, disse ela ao relembrar a vida corrida em 1977, quando já era mãe de seis. “Eu era uma galinha de pinto, cuidava muito dos meus filhos”, lembra com orgulho.
Dorothi virou ‘xodó’ na sala de aula
Os colegas de turma de Dorothi enxergam com muito respeito a trajetória da professora aposentada, que fez de tudo para realizar seus sonhos por meio da educação.
Ela conta que são os colegas de 17 e 18 anos que ajudam a localizar livros na Biblioteca, a usar a plataforma virtual da faculdade e a manusear computadores.
A turma até imprime os slides das aulas para que Dorothi não tenha dificuldades de acompanhar as aulas. “Tem hora que eu olho e parece que eles são meus alunos”, disse ela.
“Eu acho que é muito enriquecedor ter uma pessoa com tanta vitalidade, tanta vontade assim de aprender do nosso lado. A gente acaba aprendendo muita coisa sobre a vida”, pontua a aluna Rebeca Lamin.
Com Unicap