ÁUDIO: Ex-presidente da Caixa esbraveja por regra que cortaria até R$ 100 mil de ganhos mensais

pedro guimarães
Ex-presidente da Caixa Econômica disparou contra mudança no regimento interno (Valter Campanato/Agência Brasil)

Áudios de uma reunião no ano passado, com executivos e assessores, mostram o então presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, proferindo xingamentos sobre uma decisão que poderia fazer com que ele deixasse de ganhar até R$ 100 mil por mês. A gravação foi publicada nesta terça-feira (5), pelo Metrópoles.

No áudio, Guimarães se mostra enfurecido contra uma mudança no regimento interno, que estabelecia um limite à participação dele e de outros executivos em conselhos de subsidiárias do banco e de empresas privadas das quais a Caixa é sócia. Como ele integrava 18 desses conselhos, recebia mais de R$ 130 mil em gratificação. Esse valor se somava ao salário de presidente da Caixa, de R$ 56 mil.

No áudio, ele diz que “se mata” de trabalhar e que a decisão vai prejudicá-lo de várias formas.

“Isso vai vazar, para me desgastar. Isso é para me desgastar. P* que pariu, eu vou devolver o dinheiro. Faz a conta, entendeu, Celso? Tem que fazer a conta. E tem que fazer a conta que doa mais no meu bolso. Ou seja: assumir os CAs [conselhos de administração] que eu ganho menos. P* que pariu, isso é tão ridículo, cara… Me mato de trabalhar que nem um filho da p* do c* elevado à décima quinta para nego só me f*”, diz o executivo.

Ouça abaixo:

Denúncias de assédio

Após as denúncias de assédio sexual divulgadas na terça-feira (28), o presidente da Caixa deixou o cargo. Segundo o Metrópoles, em matéria publicada com exclusividade, no fim do ano passado, um grupo de funcionárias resolveu denunciar os assédios sofridos. Todas as mulheres ouvidas pela reportagem trabalham ou trabalharam em equipes ligadas diretamente à presidência da instituição.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) escolheu Daniella Marques, braço direito do ministro da Economia Paulo Guedes, para presidir o banco. Em carta aberta publicada no final de junho, Pedro define as denúncias como “cruéis, injustas e desiguais” e garante que a situação “será corrigida na hora certa com a força da verdade”. O agora ex-presidente da Caixa acrescenta, em outro trecho, que um dos motivos para que ele deixe o cargo é o “rancor político”.

“Se foi o propósito de colaborar que me fez aceitar o honroso desafio de presidir com integridade absoluta a Caixa, é com o mesmo propósito de colaboração que tenho que me afastar neste momento para não esmorecer o acervo de realizações que não pertence a mim, pertence a toda equipe que valorosamente pertence a Caixa”, disse.

Ex-vice da Caixa acobertava assédios

Funcionárias da Caixa denunciam outros dirigentes de acobertar as acusações de assédio sexual contra Pedro Guimarães, ex-presidente da empresa. Um deles seria Celso Leonardo Barbosa, ex-vice-presidente de Negócios de Atacado do banco e o homem com quem Guimarães fala no novo áudio divulgado, que renunciou ao cargo nessa sexta-feira (1°). As denúncias foram feitas em entrevista ao Fantástico, da TV Globo.

Uma das funcionárias que acusou Guimarães de assédio moral e sexual disse ao Fantástico que o ambiente de trabalho era como “uma prisão velada, uma prisão de ser monitorada pelo fato de a gente ter dito não”. Ela relata ter sido vítima do assédio por parte do ex-presidente durante uma viagem.

O TCU (Tribunal de Contas da União), além do MPF (Ministério Público Federal), também investiga as acusações de assédio contra Pedro Guimarães. A presidente do órgão, ministra Ana Arraes, comunicou na quarta-feira (29), que determinou internamente a solicitação de informações sobre os mecanismos de prevenção e combate ao assédio existentes na Caixa.

Agora, a investigação foi aberta a pedido do Ministério Público de Contas, feito pelo subprocurador Lucas Rocha Furtado. No processo que abre a apuração, o TCU afirma que vai apurar se o ex-presidente cometeu assédio sexual e moral contra funcionários, “o que, além de caracterizar prática criminosa, configura flagrante violação ao princípio administrativo da moralidade”.

Nicole Vasques[email protected]

Jornalista formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), escreve para o BHAZ desde 2021. Participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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