“A gente está com o coração dilacerado porque é angustiante não ter uma notícia dela. Os meus pensamentos são o meu pior terror”, diz Gabrielli Viana, mãe de Agnes, bebê de 6 meses que está desaparecida no Rio Grande do Sul. Em entrevista ao BHAZ, a dona de casa relatou as dificuldades que tem passado para procurar a filha e os momentos de horror durante a enchente que atingiu Canoas.
Desde o último sábado (4), a família da jovem de 24 anos vive o desespero da tragédia que ocorre no RS. Após ter a casa invadida por uma enchente, Gabrielli, o marido e os quatro filhos do casal foram salvos por um barco. No caminho, a embarcação acabou afundando, causando o afogamento de todos os ocupantes.
“A gente passou o dia todo pedindo ajuda para os barcos que passavam com os militares, fiz até uma placa mostrando que tinha 4 crianças em casa e eles davam risada na nossa cara falando que depois iriam voltar e nunca voltavam”, relembra a dona de casa.
‘Todos nós afogamos’
Para resolver a situação, o irmão de Gabrielli conseguiu um barco e foi até a casa da família para resgatá-los. “Todos nós afogamos, meus quatro filhos, um de 2 anos, uma menina de 7 e minhas nenêzinhas de 6 meses”.
A jovem conta que, durante o afogamento, o irmão dela ficou tentando jogar Ágata para cima para que ela não se afogasse. “Meu irmão é bem baixinho, alguém segurava ele e quando ele conseguiu passar ela para os bombeiros, ela estava desacordada”, narra.
“Eu ficava gritando ‘são duas gêmeas, são duas meninas!’. E eles falavam ‘calma, a gente já pegou as duas. Depois eu peguei meus outros dois filhos e tive que correr pra Ulbra [Universidade Luterana do Brasil]”. O local está com hospitais de campanha montados.
Gêmea luta pela vida na UTI
Segundo Gabrielli, todas as pessoas que estavam com a família dela no barco disseram que viram Agnes ser resgatada. No entanto, não se sabe o paradeiro dela. A única coisa que a dona de casa ficou sabendo é que Ágata tinha sido levada para a UTI (Unidade de Terapia Intensiva).
“Hoje extubaram ela, ela não está mais sedada. Ela abriu os olhinhos para mim, estava me olhando, tentando se comunicar e lutar pela vida dela, minha guerreirinha”, diz Ágata, emocionada. “A médica disse que ela pode precisar ser entubada de novo”.
A filha mais velha de Gabrielli também está sofrendo com as sequelas do afogamento. A garota ficou sentada na parte do motor do barco e, quando ele virou, acabou engolindo gasolina. “Ela está dando muita febre, minha mãe teve que sair correndo com ela para o hospital”.
O menino de 7 anos está bem.
A dona de casa conta que procurou a polícia para fazer um boletim de ocorrência, mas foi informada de que não precisava. “Tem policial que está compartilhando foto dela, a Defesa Civil daqui da Ulbra, bombeiro… Tem bastante órgão entrando em contato comigo”.
Além do sofrimento de não saber o paradeiro da filha e ter outras duas crianças doentes, Gabrielli e o marido têm passado dificuldades em relação à comunicação. Por causa da enchente, o celular da jovem estragou e, por isso, ela está incomunicável.
“Estou usando o do meu esposo só que não está segurando muito a carga. A gente não consegue se comunicar fora da Ulbra e às vezes até nos perdemos um do outro”.
“Se conseguir fazer um apelo para eu conseguir um telefone emprestado para achar a Agnes, qualquer telefone para eu poder colocar meu chip e acessar o WhatsApp”, pede Gabrielli.