Bolsonarista que matou petista deixa UTI, é transferido para enfermaria e está consciente

Jorge Guaranho
Ainda ontem, Guaranho foi denunciado pelo Ministério Público (Reprodução/Twitter)

O policial penal bolsonarista Jorge Guaranho, que matou o petista Marcelo Arruda, deixou a UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e foi transferido para a enfermaria do Hospital Ministro Costa Cavalcanti, em Foz do Iguaçu, nessa quarta-feira (20). Ele foi ferido por tiros deflagrados pelo guarda municipal, que revidou após ser atingido pelo policial.

De acordo com o Metrópoles, o hospital informou que Jorge Guaranho está “estável, consciente, em reabilitação”, mas não há previsão de alta. Ainda ontem, o bolsonarista foi denunciado pelo Ministério Público do Paraná (MPPR) por homicídio qualificado.

O órgão ainda apontou, ao contrário da Polícia Civil, motivações políticas no assassinato. Um dos agravantes do crime, segundo a denúncia, seria o “motivo fútil” para o homicídio, que segundo o Ministério Público, foi a “preferência político-partidária” da vítima.

A Justiça decretou a prisão preventiva de Guaranho, que será ouvido quando tiver condições de saúde para isso.

Denúncia

Outra qualificação apontada pelos autores da denúncia do MPPR foi a possibilidade de a ação “resultar em perigo comum”, ou coletivo. Dois promotores, Tiago Lisboa Mendonça e Luís Marcelo Mafra Bernardes da Silva, concederam coletiva de imprensa ontem.

Para eles, o retorno de Guaranho ao local onde a vítima comemorava o aniversário teria ocorrido porque ele se sentiu “humilhado”, leitura coincidente com a da Polícia Civil. No entanto, eles concluíram que as afirmações do policial ao atirar evidenciam o caráter político da motivação para o crime. De acordo com os relatos, o bolsonarista teria gritado, ao atirar, que “não vai sobrar um petista”.

“Na hora que ele retornou, ele gritou ‘aqui é Bolsonaro’ o que nos garante esse link. Por isso que nos convencemos que se trata de uma motivação política”, afirmou o promotor.

Eles ainda explicaram que a denúncia foi oferecida faltando o resultado de cinco laudos periciais, incluindo o do celular do atirador. Para eles, os laudos são importantes, mas não são necessários para o oferecimento da denúncia, que poderá ser alterada em caso os resultados forneçam novos elementos.

Polícia descartou motivação política

A Polícia Civil do Paraná concluiu na última sexta-feira (15) o inquérito que investiga o assassinato. Em coletiva de imprensa, a delegada Camila Cecconello informou que a corporação não encontrou provas que apontem para uma motivação política do crime.

O inquérito decidiu pelo indiciamento de Jorge Guaranho por homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e causar “perigo comum” às outras pessoas presentes na festa. Elementos que foram enviados ao Instituto de Criminalística, como o celular do autor e as armas de fogo, não chegaram da perícia a tempo para o prazo de encerramento do inquérito.

Apesar de a delegada afirmar que a discussão inicial foi provocada por divergências políticas, a Polícia Civil não classifica o homicídio como um crime de motivação política. Para os investigadores, Jorge Guaranho voltou à festa depois da primeira briga porque se sentiu humilhado.

Relembre o crime

No dia 9 de julho, Marcelo Arruda, guarda municipal e tesoureiro do PT de Foz do Iguaçu/PR, comemorava sua festa de aniversário de 50 anos, quando a comemoração foi interrompida pelo policial penal Jorge José Guaranho.

Segundo testemunhas, o policial penal federal foi até a entrada da festa, na sede da Associação Esportiva Saúde Física Itaipu tocando músicas alusivas ao presidente da república e proferindo palavras de ordem contra o PT.

Guaranho teria ficado sabendo da festa ao ver as imagens do local em um churrasco e não conhecia a vítima. De dentro de seu carro, o policial penal, ainda segundo testemunhas, teria mostrado armas para os convidados. Contido por familiares, Guaranho teria se retirado do local ameaçando voltar em seguida.

Marcelo buscou uma arma no carro por temer que o bolsonarista cumprisse a ameaça. Minutos depois, Jorge realmente voltou ao local armado e gritando novas palavras de ordem a favor do presidente. O petista se identificou como autoridade de segurança e pediu que ele baixasse a arma, sendo, em seguida atingido por disparos.

Antes de cair no chão, Marcelo atirou contra Jorge, deixando o policial penal gravemente ferido. O guarda municipal morreu enquanto ainda era socorrido.

Edição: Roberth Costa
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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