MP denuncia policial que matou petista e aponta motivação política

jorge jose rocha guaranho
Guaranho foi denunciado por homicídio qualificado. MP reconhece motivação política.(Reprodução/Facebook)

Em coletiva realizada nesta quarta-feira (20), o Ministério Público Estadual do Paraná anunciou que denunciou o policial Jorge Guaranho por homicídio qualificado, apontando, ao contrário da Polícia Civil, motivações políticas no crime.

Guaranho é acusado de matar o guarda municipal e tesoureiro do PT Marcelo Arruda em Foz do Iguaçu/PR, no último dia 9 de julho.

Um dos agravantes do crime, segundo a denúncia, seria o “motivo fútil” para o homicídio, que segundo o Ministério Público, foi a “preferência político-partidária” vítima.

Outra qualificação apontada pelos autores da denúncia foi a possibilidade de a ação “resultar em perigo comum”, ou coletivo.

A Polícia Civil do Paraná descartou, no último dia 15 de julho, que o assassinato do guarda municipal tivesse motivação política.

Para os investigadores, Jorge Guaranho teria ido à festa depois da primeira briga por se sentir humilhado.

“Ele foi [pela primeira vez] no intuito de provocar a vítima. É muito claro que houve uma provocação e uma discussão em razão de opiniões políticas. Mas, quando ele resolve voltar, não há provas nos autos que indiquem que ele voltou porque queria cometer um crime de ódio contra pessoas de outro partido político”, disse, na ocasião, a delegada Camila Cecconello, responsável pelo inquérito.

‘Não vai sobrar um petista’

De acordo com os promotores presentes na coletiva, Tiago Lisboa Mendonça e Luís Marcelo Mafra Bernardes da Silva. O retorno de Guaranho ao local onde a vítima comemorava o aniversário teria ocorrido porque ele se sentiu “humilhado”, leitura coincidente com a da Polícia Civil. Concluem, no entanto, que as afirmações de Guaranho ao atirar evidenciam o caráter político da motivação do policial penal. De acordo com os relatos, o bolsonarista teria gritado, ao atirar, que “não vai sobrar um petista”.

“Na hora que ele retornou, ele gritou ‘aqui é Bolsonaro’ o que nos garante esse link. Por isso que nos convencemos que se trata de uma motivação política”, afirmou o promotor.

Laudos ainda não estão prontos

Os promotores explicaram que a denúncia foi oferecida faltando o resultado de cinco laudos periciais, incluindo o do celular do atirador. Para eles, os laudos são importantes, mas não são necessários para o oferecimento da denúncia, que poderá ser alterada em caso os resultados forneçam novos elementos.

Relembre o crime

No dia 9 de julho, Marcelo Arruda, guarda municipal e tesoureiro do PT de Foz do Iguaçu/PR, comemorava sua festa de aniversário de 50 anos, quando a comemoração foi interrompida pelo policial penal Jorge José Guaranho.

Segundo testemunhas, o policial penal federal foi até a entrada da festa, na sede da Associação Esportiva Saúde Física Itaipu tocando músicas alusivas ao presidente da república e proferindo palavras de ordem contra o PT.

Guaranho teria ficado sabendo da festa ao ver as imagens do local em um churrasco e não conhecia a vítima. De dentro de seu carro, o policial penal, ainda segundo testemunhas, teria mostrado armas para os convidados. Contido por familiares, Guaranho teria se retirado do local ameaçando voltar em seguida.

Marcelo buscou uma arma no carro por temer que o bolsonarista cumprisse a ameaça. Minutos depois, Jorge realmente voltou ao local armado e gritando novas palavras de ordem a favor do presidente. O petista se identificou como autoridade de segurança e pediu que ele baixasse a arma, sendo, em seguida atingido por disparos.

Antes de cair no chão, Marcelo atirou contra Jorge, deixando o policial penal gravemente ferido. O guarda municipal morreu enquanto ainda era socorrido.

Pedro Munhoz[email protected]

Editor de Política do BHAZ. Graduado em Direito pela Faculdade Milton Campos e em História pela UFMG, trabalhou como articulista de política no BHAZ entre 2012 e 2013. Atuou como assessor parlamentar desde 2016, com passagens pela Câmara dos Deputados, Câmara Municipal de Belo Horizonte e Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

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