Um grupo de bolsonaristas causou confusão durante a passagem do presidente da República pelo Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, em São Paulo, na tarde de ontem (12).
Apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) hostilizaram jornalistas e vaiaram o arcebispo Dom Orlando Brandes, que celebrava a principal missa do tradicional Dia de Nossa Senhora Aparecida. A data envolve uma das maiores celebrações católicas no Brasil.
Do lado de fora da Basílica, com latas de cerveja em meio à celebração religiosa, os militantes vaiaram Dom Orlando após ele dizer ser necessário combater o “dragão do ódio, da mentira, do desemprego, da fome”.
Imagens ao vivo da CNN e outros vídeos que circulam pelas redes sociais também mostram profissionais da TV Vanguarda, afiliada da Globo, e da TV Aparecida, da Igreja Católica, acuados pelo grupo vestido com camisas da seleção. Seguranças do local impediram possíveis agressões.
Os apoiadores de Bolsonaro gritaram com os funcionários das emissoras e colocaram o dedo no rosto de um jornalista e de um cinegrafista. Também possível ouvir gritos de “É Bolsonaro!” entoados pelas pessoas de verde e amarelo durante a missa que ocorria dentro da Basílica.
Apoiadores de Bolsonaro hostilizam jornalistas da TV Aparecida, ligada à Igreja Católica, dentro do Santuário Nacional de Aparecida. Um dos apoiadores aponta p/ uma caneca de cerveja c/ a foto de Jair. Uma criança, vendo os adultos, ri e reforça o ataque pic.twitter.com/PbkSgb7qAa
— Jeff Nascimento (@jnascim) October 12, 2022
Gritos, vaias e cerveja dentro do Santuário
O tumulto se estendeu para dentro do Santuário no momento em que o padre Eduardo Ribeiro celebrava a missa das 14h. Algumas pessoas ainda estavam com latas de cerveja dentro do local.
Bolsonaristas começaram novas vaias durante a pregação, gritavam palavras de ordem e ainda tentaram puxar um coro de “mito”, que não foi acompanhado pela multidão. O religioso pediu silêncio e disse aos fiéis que preparassem o coração: “viemos aqui para rezar”.
‘Muitos dragões’
No momento da homilia na principal missa no Santuário de Aparecida, arcebispo Dom Orlando Brandes falou sobre os “muitos dragões” que o Brasil precisa vencer.
“Temos o dragão do ódio, que faz tanto mal. E o dragão da mentira, e a mentira não é de Deus, é do malígno. O dragão do desemprego, o dragão da fome. O dragão da incredulidade”, começou. Nesse monento, um grande grupo de bolsonaristas deu início a vaias.
O religioso defendeu o direito ao voto e disse aos fiéis ser “necessário exercer esse direito e poder do povo”. Depois, falou sobre a fome e disse que o país precisa de “paz e fraternidade”.
“Escutar Deus, mas escutar também o clamor do povo. Porque ela escutou muito bem no Evangelho. Eles não têm mais vinho. No nosso caso, faltando pão, faltando paz, faltando fraternidade. Esses são os vinhos que todos nós precisamos nos dias de hoje”.
‘Não é dia de pedir voto’
Em outro momento de celebração em homenagem à santa, o padre Camilo Júnior parabenizou os fiéis que foram até a basílica antiga para buscar a Deus e a Nossa Senhora.
“Parabéns a você que está aqui dentro da basílica rezando, a você que entendeu que hoje é dia de Nossa Senhora Aparecida”, pontuou o padre.
O religioso também falou sobre a devoção e disse que o dia era de palmas à Nossa Senhora. “É a ela as nossas palmas, é a ela a nossa clamação, é a ela o nosso ‘viva’, porque só temos segurança nas mãos de Deus e no colo de Maria”, falou.
O padre também aproveitou o momento com um recado que soou como uma indireta sobre a ida de Bolsonaro à basílica como compromisso de agenda de campanha. “Hoje não é dia de pedir voto, hoje é dia de pedir benção”, falou o padre, aplaudido pelos fiéis.
