O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) culpou a imprensa por declaração falsa sobre a relação entre o desenvolvimento do HIV, o vírus da Aids (síndrome de imunodeficiência adquirida), e a vacina contra Covid-19. O chefe do Executivo disse que só falou sobre o assunto por conta de uma matéria da revista Exame. Ele não se retratou sobre a notícia falsa. Além disso, depois de ter conteúdos removidos do Facebook e Instagram, agora foi a vez do YouTube fazer o mesmo.
“Na segunda-feira, a revista Exame fez uma matéria sobre vacina e aids, eu repeti essa matéria na minha ‘live’, dois dias depois a revista Exame falou que eu falei fake news. Foi a própria Exame que falou da relação de HIV e vacina. Eu apenas falei sobre matéria da revista Exame”, disse o presidente em entrevista para uma rádio no Mato Grosso do Sul.
A matéria que o político se refere foi publicada pela revista em outubro de 2020 com o título: “Algumas vacinas contra a COVID-19 podem aumentar o risco de HIV?”. A reportagem diz que pesquisadores estavam em alerta por conta de que algumas vacinas que utilizam um adenovírus específico no combate ao vírus SARS-CoV-2, poderiam aumentar o risco de que pacientes sejam infectados com HIV.
Porém, na própria reportagem é explicado que, até aquele momento, “não se comprovou que alguma vacina contra a COVID-19 reduza a imunidade a ponto de facilitar a infecção em caso de exposição ao vírus.”
A Aids é uma doença do sistema imunológico humano resultante da infecção pelo vírus HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana), que interfere na capacidade do organismo de combater infecções. A infecção pode se dar apenas pelo contato direto com o sangue, sêmen ou fluidos vaginais de uma pessoa infectada.
Conteúdos derrubados
Com as falsas informações divulgadas pelo presidente da República, o Facebook e o Instagram decidiram retirar do ar a live feita por Bolsonaro em que ele cita o assunto. O YouTube também derrubou o conteúdo de sua plataforma, na tarde de ontem (25).
Segundo a plataforma, o material publicado pelo presidente no dia 21 de outubro violou diretrizes de “desinformação médica sobre a COVID-19”. Isso pelo motivo de associar de forma errada a vacina com o vírus da Aids.
O YouTube ainda tem uma regra que prevê a suspensão de uma semana para a subida de vídeos e realização de transmissões ao vivo para casos de reincidência. Em julho, a plataforma já havia enviado advertência ao canal do presidente, mas sem outras punições.