O lançamento de um produto da marca Bombril fez a hashtag #BombrilRacista ser o assunto mais comentado do Twitter na manhã desta quarta-feira (17). A esponja de aço inox chamada “Krespinha” é apontada como uma associação pejorativa ao cabelo crespo e criticada por associar a mulher negra ao trabalho doméstico.
O produto, que foi removido do site da marca nesta manhã, era descrito como “ideal para a limpeza pesada”. Além da associação ao cabelo crespo, internautas apontaram uma relação com uma propaganda racista da década de 1950, de uma esponja também chamada “Krespinha”.
A #BombrilRacista botou no mercado um produto que simplesmente faz chafurdo em cima do preconceito contra homens e mulheres racializados.
— alice carvalho (@alicecarvalho) June 17, 2020
Não tem como ter sido um deslize. FOI NA MALDADE!
FAÇA SUA DENUNCIA NO SITE DA CONAR! https://t.co/WXpkYsyJSF pic.twitter.com/ygTtx7UnQL
Denúncia
Em meio a uma movimentação antirracista nas redes sociais que ganhou força nas últimas semanas, usuários se mobilizaram para apontar o erro cometido pela marca ao associar a esponja de aço ao cabelo crespo e mulheres negras ao trabalho doméstico.
“Krespinha, a esponja de aço da Bombril, perpetua estereótipos racistas e imagens de controle que associam o corpo de mulheres negras ao trabalho doméstico pesado. O nome e o marketing são baseados em racismo”, escreveu a ativista Winnie Bueno.
Muitos também relataram experiências pessoais em que tiveram o cabelo crespo chamado de “Bombril”, em um tom pejorativo e racista. “A pior coisa do universo é uma criança crescer ouvindo que seu cabelo é igual bombril, até hoje ainda ouço isso. É horrível! Aí vem a marca reforçando todo esse preconceito e racismo!”, escreveu uma usuária do Twitter.
Mano, que merda é essa??? Passei a minha infância toda tendo o meu cabelo comparado ao bombril, e agora isso…. #BombrilRacista pic.twitter.com/9mfVwZ2u4K
— ɥɐʞ ???️?✊? (@__Solo8) June 17, 2020
Internautas também se movimentaram para denunciar o produto no site da Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária), pedindo que ele fosse tirado de circulação.
Bora denunciar a #bombrilracista no site da Agencia de regulamentação publicitaria, a CONAR.
— Paulo Miranda (@pgmiranda) June 17, 2020
Segue o fio com link e imagens:
Site: https://t.co/QOUL2KJ2t0
#BombrilRacista Quando tinhamos o cabelo crespo era chamado de bombril e bucha, ai o preto(a) quando criança não aguentando mais piadas racistas alisou o cabelo para se encaixar ao padrão e o nome do cabelo era vassoura, a gente sofre de todos os jeitos. #fogonosracistas pic.twitter.com/Bcu4M3S8wm
— ? Denise??♀️✨??️ Sapatona Convicta (@RochaEso) June 17, 2020
Propaganda antiga
Uma relação entre o novo produto e uma esponja de aço antiga também foi apontada pelos internautas. Uma esponja chamada “Krespinha”, da S.A. Barros Loureiro Indústria e Comércio, era divulgada com a imagem de uma menina negra, reforçando a associação da população negra com o trabalho doméstico.
Sim! A Bombril, em pleno 2020, reviveu a Krespinha, de 1952, que associa cabelo crespo a uma esponja de aço. Inacreditável!!! #BombrilRacista pic.twitter.com/hPPsYVTntP
— Δ (@pratosdetigres) June 17, 2020
A propaganda de 1952 foi muito compartilhada no Twitter com a hashtag #BombrilRacista e internautas afirmam que o novo produto da marca seria uma “reciclagem” da esponja antiga, reforçando estereótipos racistas.
O BHAZ entrou em contato com a Bombril, mas a empresa ainda não se posicionou. Tão logo ela se manifeste, esta matéria será atualizada.