Suzi escreve carta após ter crimes contra criança revelados e desabafa: ‘Estou pagando cada dia’

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Polêmica ainda cresce quase dez dias após a exibição da matéria (Twitter/Reprodução)

A polêmica envolvendo a presidiária trans entrevistada pelo médico Dráuzio Varella no dia 1º deste mês ganhou mais um capítulo nesta segunda-feira (9). Bruna Castro, advogada de Suzi Oliveira, se manifestou sobre as suposições envolvendo a detenta e publicou uma carta escrita pela própria Suzi sobre o caso.

A advogada confirmou a informação de que Suzi cometeu os crimes de estupro de vulnerável e homicídio, além de afirmar que não cabe nenhum tipo de julgamento referente ao caso: “O julgamento já aconteceu em 2013, ela já foi julgada em juri popular, já teve um julgamento, uma sentença e hoje está na fase de cumprimento da sentença. A pena passa de 30 anos”.

Bruna ainda publicou a foto de uma carta escrita por Suzi, onde a detenta confirma que seu nome de batismo é Rafael Tadeu, e conta que, durante a entrevista com o médico, em nenhum momento foi questionada sobre qual crime havia cometido. “Errei sim e estou pagando cada dia, cada hora e cada minuto aqui neste lugar… Antes, não tive esta oportunidade, agora estou tendo: apenas quero pedir perdão pelo meu erro no passado”, escreveu.

Assim como Dráuzio, a advogada de Suzi reforçou que está cumprindo o trabalho dela e que não cabe a ela nenhum juízo de valor neste momento.

Ataques

Ainda nesta segunda, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) recorreu ao Twitter para se manifestar sobre o caso. Ele disse que, na condução do caso, a TV Globo tratou “um criminoso como vítima, omitindo os crimes por ele praticados” e que “graças à internet livre, o povo não é mais refém de manipulações”. O presidente ainda lamentou que a Constituição brasileira não permita prisão perpétua para crimes como estes.

A publicação do presidente fez com que a hashtag “Dráuzio Varella Lixo” ficasse entre os assuntos mais comentados do país no Twitter. A plataforma foi tomada por pessoas repudiando a conduta do médico e o crime cometido por Suzi. Diversos comentários transfóbicos também foram publicados.

“Ao conduzir milhões de pessoas a empatizarem com um homicida, estuprador e ocultador de cadáver de criança, Dráuzio Varella traiu a medicina”, publicou um usuário, refletindo as mensagens de diversas outras pessoas.

Antes das mensagens, Dráuzio já havia se manifestado em relação a ataques semelhantes que a reportagem vinha sofrendo nas redes sociais. Em nota endossada integralmente pelo Fantástico, o médico, quem tem mais de 30 anos de experiência em presídios, disse: “Seja no meu consultório ou nas penitenciárias, não pergunto sobre o que meus pacientes possam ter feito de errado. Sigo essa conduta para que meu julgamento pessoal não me impeça de cumprir o juramento que fiz ao me tornar médico”.

Com o crescimento da polêmica, diversas pessoas também saíram em defesa do médico. “Vocês aceitam como pastor o psicopata do Guilherme de Pádua, que teve a frieza de ir no enterro da mulher que ele matou para ‘consolar’ os familiares. Agora quando um médico vai no presídio e abraça uma trans sem saber dos seus crimes vocês apedrejam”, publicou um usuário.

“Só pra lembrar vocês que o Drauzio fez a matéria em um presídio, não em um convento, ok?”, reforçou um segundo.

Entenda o caso

No primeiro domingo deste mês, o Fantástico exibiu uma reportagem feita por Dráuzio Varella sobre a situação de mulheres trans nos presídios brasileiros. Imediatamente após a exibição da reportagem, o médico começou a viralizar nas redes sociais pela atitude de abraçar Suzi, uma mulher trans que estava há anos no presídio sem receber nenhuma visita.

Com a repercussão da cena, diversas pessoas começaram a tentar descobrir por quais crimes Suzi havia sido condenada e alguns veículos publicaram que a mulher havia estuprado um menino de 9 anos, assassinado-o e ocultado o cadáver. A partir daí, o médico passou a ser atacado nas redes sociais.

Na sentença, obtida pelo site O Antagonista, uma tia de Suzi diz que a detenta “contou como ele [se referindo ao nome de batismo da mulher, Rafael] fez numa casa com uma criança que ele estuprou em São Paulo, não sei onde. Entrou na casa para roubar, subiu as escadas e a criança estava no quarto deitada, não sei bem e ele entrou, fechou a boca da criança e contou tudo, normal como eu estou contando”.

Ainda segundo O Antagonista, na sentença consta que Suzy “matou o ofendido mediante meio cruel, consistente em asfixia, e se valendo de recurso que impossibilitou a defesa da vítima, haja vista tratar-se de criança, com mínima capacidade de resistência”. A sentença pode ser lida aqui.

O BHAZ entrou em contato com a SAP (Secretaria de Administração Penitenciária de São Paulo) a respeito dos crimes cometidos por Suzy. Por meio de nota, o órgão confirmou que “a reeducanda cumpre pena pelo artigo 121, §2, inciso III, IV e V e §4º do mesmo artigo, e no artigo 217-A, todos do Código Penal”. No Código Penal, o artigo 121 diz respeito ao crime de homicídio e o 217-A ao crime de estupro de vulnerável.

Giovanna Fávero[email protected]

Editora no BHAZ desde março de 2023, cargo ocupado também em 2021. Antes, foi repórter também no portal. Foi subeditora no jornal Estado de Minas e participou de reportagens premiadas pela CDL/BH e pelo Sebrae. É formada em Jornalismo pela PUC Minas e pós-graduanda em Comunicação Digital e Redes Sociais pela Una.

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