Cientista Nina da Hora denuncia racismo em livraria no Leblon: ‘Acontece assim diariamente’

nina da hora
Cientista teve que usar notas fiscais para comprovar que é consumidora (Reprodução/@ninadhora/Instagram)

A cientista Nina da Hora relatou uma situação de racismo pela qual passou em uma unidade da Livraria da Travessa, no Leblon, bairro nobre da cidade do Rio de Janeiro, nesta semana. Em posts feito nas redes sociais, ela conta que estava com a irmã quando um segurança da loja começou a segui-las. Em uma conversa com a gerente, a funcionária teria questionado onde Nina morava.

Segundo Nina, o funcionário do estabelecimento a seguiu enquanto ela olhava os livros na loja. “Eu realmente gosto de livrarias e hoje estava na Livraria da Travessa do Leblon comprando livro com a minha irmã e o segurança se sentiu no direito de me seguir e parar em cima dos livros que eu estava olhando”, relatou.

A cientista disse que teve que falar o valor que já gastou no estabelecimento para provar que era consumidora. Em seguida, ela conta que conversou com a gerente da loja e que a primeira pergunta da funcionária foi onde Nina morava.

“Agora a gerente disse que ia conversar com ele, mas registrando, pois imagina só me constranger a ponto de não me deixar fazer uma das coisas que mais amo, que é ler”, escreveu.

Nas redes sociais, a pesquisadora desabafou sobre a raiva em relação ao episódio. “Gente, meu único sentimento é de raiva. É isso que tô usando pra movimentar. O tempo que isso tá me custando será o custo dessa situação constrangedora. Eu não tô triste, eu tô com raiva”, acrescentou.

O que diz a livraria?

Por meio do Instagram, a livraria disse que não compactua com nenhuma prática discriminatória de qualquer natureza. “Pelo contrário. É nossa missão incluir, divulgar, promover o acesso a todas as manifestações culturais, e acreditamos ter um histórico que comprova isso. Estamos em contato com as clientes e prosseguiremos com os esforços de sermos cada vez mais democráticos e acolhedores”, declarou.

Internautas cobram ação

Nos perfis da Livraria da Travessa nas redes sociais, algumas pessoas cobraram um posicionamento do estabelecimento, quando a loja demorou a se manifestar. A nota foi publicada às 16h deste sábado. “Quando irão se pronunciar sobre o caso — não isolado — de racismo com Nina e sua irmã?! E o que farão para alterar o treinamento de seus funcionários?!?!”, escreveu uma usuária do Instagram, antes do posicionamento oficial.

“O silêncio é a pior coisa. Assumam o erro, revejam o modus operandis da equipe, falem sobre o assunto, debatam o assunto. 2022, façam parte de uma mudança maior e melhor. Um ABSURDO esse caso de racismo, inadmissível, mas não fiquem calados!”, escreveu outra pessoa.

Quem é Nina da Hora

Formada em Ciência da Computação pela PUC-Rio, Nina da Hora é pesquisadora de destaque na área de tecnologia. Nas redes sociais, ela divulga parte do trabalho em relação ao racismo algorítmico, uma de suas principais áreas de pesquisa. Nina também é colunista da Mit Technology Review Brasil e do Canal Futura.

A pesquisadora também estuda as áreas de inteligência artificial e segurança cibernética. Nina é membro do conselho consultivo de segurança do TikTok no Brasil. Nina também atua no conselho de transparência do TSE para as eleições de 2022. O trabalho dela foi reconhecido com um destaque na Lista Forbes Under 30 do ano passado.

Edição: Giovanna Fávero
Guilherme Gurgel[email protected]

Estudante de Jornalismo na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Escreve com foco nas editorias de Cidades e Variedades no BHAZ.

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