Casal mineiro é agredido por funcionários da KLM ao tentar embarcar coelho com liminar

coelho aeroporto vídeo
Casal se preparou para embarcar com coelho, mas foi barrado e agredido em aeroporto (Reprodução/@aeroportodepressao + Arquivo pessoal)

Um casal de Minas Gerais denuncia ter sido agredido por funcionários da KLM ao tentar viajar com seu coelho de estimação, chamado Alfredo, em um voo internacional que partiu do Aeroporto de Cumbica, localizado em Guarulhos, São Paulo. Um vídeo que viralizou nas redes sociais mostra a confusão que aconteceu já na área de embarque, com direito a socos e tapas. Os passageiros foram impedidos de entrar no avião momentos antes da partida, mesmo tendo uma liminar judicial com a determinação de que a companhia aérea transportasse o animal de estimação na cabine.

O administrador de empresas Jorge Philipe Guadalupe estava acompanhado pela esposa, a estudante Gabriella Cardoso, quando tudo ocorreu nessa quinta-feira (18). O vídeo mostra a reação dele após ver sua mulher sendo agarrada pelo braço por um funcionário da KLM, conforme narra nas imagens do desentendimento. Agora, o advogado do casal entrará com uma ação contra a companhia aérea. A empresa, por sua vez, admite que houve um “equívoco interno” e que a equipe não foi alertada do embarque do coelho (veja abaixo).

Nas imagens publicadas em redes sociais é possível ver apenas parte da confusão. O vídeo mostra que os passageiros discutem com os funcionários da companhia aérea a respeito de agressões sofridas anteriormente.

Uma das atendentes da empresa anda atrás de Jorge, que aparece todo o tempo ao celular. Ela pergunta se ele vai chorar, em tom de provocação. Então o passageiro se exalta.

‘Te matar mesmo, você está precisando’

A sequência do registro mostra que outros três funcionários, além da mulher de azul, encurralam o passageiro contra uma parede. Jorge reage e, em seguida, é possível observar que leva tapas e socos. Por conta das agressões, ele chega a cair em cima da bolsa de transporte em que o coelho estava.

A esposa dele se desespera, em meio à confusão, e confere se Alfredo está bem. Enquanto isso, Jorge segue sendo agredido. “Vão me matar”, diz ele ao ser arrastado pelo terminal. A funcionária de azul responde: “Vai te matar mesmo, você está precisando”.

O vídeo não mostra o desfecho da confusão. Em conversa com o BHAZ, o advogado do casal, Leandro Furno Petraglia, explica que o vídeo divulgado nas redes não mostra também o início do desentendimento. Ele conta ainda que o processo para que os clientes embarcassem com o coelho foi longo e envolveu até mesmo o GAC (Grupo de Apoio aos Coelhos) – uma ONG de proteção animal focada nos pets. O GAC, inclusive, emitiu uma nota de repúdio contra a KLM por meio do Instagram.

“Primeiramente existe uma ação pública ajuizada pelo GAC que já determinou que a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) autorize coelhos em voos de todo o Brasil. No entanto, a medida passa a valer a partir de 23 de novembro. Por enquanto, para embarcar, é preciso uma autorização especial para cada caso”, contextualiza o defensor.

Preparação e frustração

Segundo Leandro, Jorge solicitou que o coelho Alfredo fosse levado junto dele e da esposa na cabine. No entanto, inicialmente, a companhia aérea negou o pedido. Foi então que o administrador de empresas recorreu à liminar, que concedeu a eles o direito de embarcar com o pet. “Além da liminar, o Jorge pagou pouco mais de R$ 6 mil para embarcar na KLM com o coelho. A viagem seria no dia 16 de novembro, mas a companhia pediu mais tempo e remarcou a viagem, disseram que estava tudo certo”, conta.

“Ele compareceu ao aeroporto com 10 horas de antecedência para o voo, passou pelo check-in, com as taxas pagas, documentos de importação em mãos, tudo previamente acordado com a KLM. Mas foi surpreendido com a notícia de que não poderia embarcar momentos antes de entrar no avião”, relata.

Depois da confusão, o coelho Alfredo viajou junto dos tutores na cabine do avião. (Arquivo pessoal)

“A Gabriella ficou no portão de embarque pedindo que segurassem o voo até que o problema fosse resolvido. Foi então que ela teve o braço agarrado por um funcionário e foi empurrada. O Jorge estava comigo ao telefone, eu o estava orientando e ouvi a confusão. O momento em que ele corre em direção ao funcionários foi exatamente ao ver a agressão contra a Gabriella”, explica o advogado.

Além da situação com o coelho, Jorge ficou ainda mais preocupado pelo fato das malas dele e da esposa terem sido despachadas. “Eles também estavam no desespero de não ter roupa, de não ter nada, já que as malas haviam sido despachadas e informaram que não seriam devolvidas”, conta Leandro.

Coelho Alfredo está bem

Depois da confusão, Jorge e Gabriella foram orientados por policiais federais e integrantes da Polícia Civil, ainda no aeroporto. Eles ficaram em hotel na noite de ontem e embarcaram em um novo voo na noite desta sexta-feira com destino à Irlanda. O coelho Alfredo está bem e conseguiu viajar na cabine do avião junto com os tutores.

O advogado Leandro Petraglia explica que, agora, vai tentar ter acesso às imagens completas do aeroporto para mostrar a agressão sofrida por Gabriella, que não aparece no vídeo divulgado nas redes sociais. “Em posse dessa gravação na íntegra vamos ajuizar uma ação cível para buscar reparação, tanto pela agressão quanto pela exposição da imagem deles. A KLM ainda tem uma multa de R$ 5 mil por ter mentido no processo para o embarque do coelho Alfredo e de mais R$ 5 mil por não ter cumprido os acordos”, conta.

O que diz a KLM?

O BHAZ procurou a KLM ao longo desta sexta-feira, mas não recebeu retornos. Ao G1, a companhia aérea disse que houve um “equívoco interno” e que a equipe não foi comunicada a respeito do embarque do coelho. A empresa ainda explica que condena “qualquer tipo de comportamento violento de passageiros e colaboradores”, além de lamentar que “a situação tenha escalado para um desentendimento no local de embarque”.

Ainda de acordo com a KLM, uma investigação interna também foi aberta para apurar o ocorrido.

Roberth Costa[email protected]

De estagiário a redator, produtor, repórter e, desde 2021, coordenador da equipe de redação do BHAZ. Participou do processo de criação do portal em 2012; são 11 anos de aprendizado contínuo. Formado em Publicidade e Propaganda e aventureiro do ‘DDJ’ (Data Driven Journalism). Junto da equipe acumula 10 premiações por reportagens com o ‘DNA’ do BHAZ.

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