A Polícia Civil concluiu a investigação do caso em que uma suposta cliente teria feito um comentário racista ao pedir um lanche por app, em Campo Bom (RS), nessa terça-feira (14). Segundo a conclusão, o próprio motoboy e dono do restaurante escreveu a mensagem.
De acordo com a polícia, após investigação com análise e cruzamento de dados, a equipe verificou que a própria vítima do racismo teria sido o autor da manifestação. A corporação intimou o proprietário do restaurante para prestar declarações.
Ao ser confrontado pela Polícia Civil, o dono do estabelecimento Hora do Pastel disse que gostaria de se retratar, assumindo que ele mesmo criou a conta no aplicativo iFood e encaminhou o pedido com a observação racista.
Com isso, a polícia concluiu a investigação e vai indiciar o homem, que era a vítima, por delito de falsa comunicação de crime previsto no Código Penal. A equipe vai enviar o inquérito ao Poder Judiciário, nos próximos dias.
Homem faz comentário para chamar atenção da ex
Daniela Rodrigues, ex-esposa do dono do Hora do Pastel, se pronunciou sobre o caso. Ela também trabalha no estabelecimento e contou que o homem fez o comentário para chamar a atenção dela, a fim de evitar o processo de separação que os dois estão enfrentando.
“Ele sabia que, eu sendo do jeito que eu sou, ele sendo vítima de algo desse tipo, eu ficaria do lado dele”, declarou Daniela. “Eu sou tão vítima quanto todo mundo que acreditou nessa história e todo mundo que apoiou”, disse.
Daniela contou que o restaurante “está sofrendo muito” e que ficaram fechados no fim de semana. “A gente aqui de Campo Bom está sofrendo com muitos xingamentos. Eu entendo a revolta de todo mundo porque a notícia chegou no país todo, todo mundo se comoveu”.
“E depois fiquei sabendo que tinha sido uma mentira e de alguém que eu nunca imaginava que ia fazer isso”. Por fim, Daniela pediu desculpas e disse que o restaurante não tem nada a ver com o caso.
Entenda o caso
O dono do restaurante havia procurado a delegacia para denunciar o comentário racista de uma suposta cliente. A mensagem exigia que um entregador branco levasse o lanche.
“Última vez veio um motoboy negro, peço a gentileza que mande um branco, não gosto de pessoas assim tocando a minha comida”, dizia o texto.
Ao BHAZ, o delegado Rodrigo Câmara disse que o síndico do prédio onde foi feito o pedido informou que o número do apartamento que consta no pedido não existe. Além disso, segundo ele, não há nenhuma moradora com aquele nome.