Embaixada do Brasil pede desculpas à família de Dom Phillips após informar que corpos foram encontrados

Dom Phillips e Bruno Pereira
Polícia Federal afirma que as buscas pelos profissionais continuam (Reprodução/Twitter + Bruno Jorge/Funai)

A Embaixada do Brasil no Reino Unido enviou um pedido de desculpas à família do jornalista britânico Dom Phillips, depois de informar que o corpo dele e do indigenista Bruno Pereira teriam sido encontrados na Amazônia. A Polícia Federal afirma que as buscas pelos profissionais continuam nesta terça-feira (14).

De acordo com o jornal The Guardian, com o qual Phillips colabora, o embaixador Fred Arruda se retratou hoje aos familiares. “Nós sentimos muito que a embaixada tenha passado à família informações que não se provaram corretas”, diz o documento.

Arruda teria dito que uma equipe criada na embaixada de Londres para acompanhar os desaparecimentos foi “enganada” por informações recebidas de “agentes investigadores”. O diplomata reconheceu que houve uma precipitação por parte da equipe, e garantiu que “a operação de buscas vai continuar, sem que nenhum esforço seja poupado”.

Entenda

A mulher de Dom Phillips, Alessandra Sampaio, recebeu nessa segunda-feira (13) uma ligação de representantes da embaixada, informando que os corpos do jornalista e do indigenista haviam sido encontrados. No entanto, a PF negou a informação.

A corporação havia informado que encontrou, no domingo (12), um cartão de saúde com nome de Bruno Pereira e outros pertences do brasileiro e de Dom Phillips. Na parte da tarde, o Corpo de Bombeiros disse que encontrou uma mochila, um notebook e um par de sandálias no local onde são feitas das buscas pelo indigenista e pelo jornalista inglês no interior do Amazonas.

Já na segunda-feira, a Polícia Federal divulgou nota informando que não procediam as informações de que os corpos teriam sido encontrados. “Conforme já divulgado, foram encontrados materiais biológicos que estão sendo periciados e os pertences pessoais dos desaparecidos. Tão logo haja o encontro, a família e os veículos de comunicação serão imediatamente informados”, diz o comunicado.

As autoridades responsáveis pelas buscas e investigações vêm sendo criticadas pelos desencontros nas informações divulgadas.

O desaparecimento

Bruno Pereira e Dom Phillips chegaram no dia 3 de junho no Lago do Jaburu, nas proximidades do rio Ituí, para que o jornalista visitasse o local e fizesse entrevistas com a população indígena da região.

Segundo a Unijava, os dois deveriam retornar no dia 5 para a cidade de Atalaia do Norte por volta de 9h da manhã, após parada na comunidade São Rafael, para que o indigenista fizesse uma reunião com uma pessoa da comunidade apelidado de “Churrasco”.

No início da tarde, uma primeira equipe de busca da Univaja (União das Organizações Indígenas do Vale do Javari) saiu de Atalaia do Norte em busca dos desaparecidos, mas não os encontrou.

Ainda segundo a Univaja, Bruno Pereira, que fez parte do quadro da da Fundação Nacional do Índio (Funai), é pessoa “experiente e profundo conhecedor da região”. Os dois viajavam com uma embarcação nova, com combustível suficiente para a viagem.

A nota ainda afirma que a equipe havia recebido ameaças em campo na semana do desaparecimento, conforme relatos dos colaboradores da organização.

“A ameaça não foi a primeira, outras já vinham sendo feitas a demais membros da equipe técnica da Univaja, além de outros relatos já oficializados para a PF, ao MPF em Tabatinga, ao Conselho Nacional de Direitos Humanos e ao Indigenous Peoples Rights International”, diz o comunicado.

Edição: Roberth Costa
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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