Estudante de 40 anos é homenageada na faculdade após sofrer deboche de colegas de curso: ‘Nos sensibilizamos’

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Estudantes veteranos fizeram homenagem à aluna que sofreu etarismo por parte de outras colegas (Arquivo pessoal/Gabriela Rocha)

Colegas de curso de Patrícia Linares, estudante de 44 anos que sofreu etarismo em uma faculdade de Bauru (SP), decidiram fazer uma surpresa para homenageá-la. No final da semana, um vídeo em que universitárias debochavam dela viralizou nas redes.

Na gravação, que seria destinada a um grupo privado no Instagram, as meninas conversam sobre o fato de Patrícia ter mais de 40 anos. “Gente, 40 anos não pode mais fazer faculdade, essa é a minha opinião”, disse uma jovem. “Acha que a professora é o Google”, acrescentou outra, em tom de ironia.

Com a repercussão negativa do caso, que veio à tona nessa sexta-feira (10), estudantes do 4º ano de Biomedicina da Unisagrado entregaram um buquê de flores e uma caixa de bombons à colega, que é caloura na instituição.

‘Nos sensibilizamos muito’

Em conversa com o BHAZ nesta segunda-feira (13), a estudante Gabriela Rocha, de 20 anos, explica que o grupo decidiu fazer a homenagem como forma de acolher Patrícia. Os estudantes ainda queriam mostrar que não há idade para o ensino e a educação.

“Queríamos mostrar para ela que, entre pessoas maldosas como as meninas que gravaram o vídeo, existem pessoas dentro da instituição com quem ela ainda pode contar”, diz.

A turma de Gabriela descobriu o vídeo no mesmo dia em que ele viralizou. Os alunos do 4º ano levaram o assunto aos grupos de WhatsApp e, logo no início, souberam se tratar de Patrícia. Foi então que decidiram fazer uma “vaquinha” para surpreendê-la.

Arquivo pessoal/Gabriela Rocha

Estudante recebe mensagens de vários estados

Além da turma de Gabriela, estudantes de outros cursos da Unisagrado demonstraram apoio a Patrícia. Ela recebeu mensagens de várias pessoas, de diferentes estados.

“Nós nos sensibilizamos muito, porque ela interagiu muito com a gente, gostamos muito dela. Na hora das apresentações, ela disse que o sonho da vida dela era fazer faculdade, mas que, como não tinha condições, foi sempre ficando de lado”, narra a jovem.

Segundo Gabriela, Patrícia não esperava tamanho acolhimento diante da situação. O maior intuito da atitude foi, no final das contas, mostrar a ela que a educação é um direito de todos.

Em seu perfil do Instagram, a mulher compartilhou uma série de stories na qual agradece pelas mensagens de carinho. Ela postou uma foto com sua turma na faculdade.

Reprodução/Instagram

‘Aprendemos a vida toda’, diz faculdade

Com a repercussão do caso, a universidade se pronunciou, sem fazer menção direta às jovens, defendendo a educação como direito de todos. “Aprendemos a vida toda”, postou a instituição.

“Para começarmos esta conversa, deixamos claro que não compactuamos com qualquer tipo de discriminação. Completando… defendemos uma causa: A educação. Na verdade, somos a causa”, disse a Unisagrado.

No post, a universidade afirma que acredita que “todos devem ter acesso à educação de qualidade, desde pequenos até quando cada um quiser, porque educação é isso: autonomia. Isso tudo faz sentido para nós”. Ainda, ressalta que “as oportunidades não são iguais para todo mundo em todos os momentos da vida”.

Edição: Giovanna Fávero
Nicole Vasques[email protected]

Jornalista formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), escreve para o BHAZ desde 2021. Participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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