Um exame de DNA comprovou a compatibilidade entre o tio da menina que engravidou aos 10 anos e o material genético do feto, que foi abortado legalmente. A análise revela que o tio é, como se suspeitava, autor do estupro que causou a gravidez precoce da criança. O resultado do exame foi obtido pelo jornal A Gazeta.
A análise, feita pela Superintendência de Polícia Técnico-Científica do Espírito Santo, ficou pronta na última terça-feira (25), e o resultado foi encaminhado ao MPES (Ministério Público do Espírito Santo). Conforme o superintendente da pasta explicou ao jornal, a agilidade do processo foi resultado de uma coleta de amostras com “excelente qualidade”.
“É importante esclarecer que isso influenciou no trabalho, para não haver uma falsa impressão de que passamos esse caso à frente dos demais. Todos os outros estão em andamento no trâmite normal e com grande complexidade”, esclareceu o superintendente Renato Kosky Jr.
Relembre o caso
O caso da menina ganhou repercussão nacional há menos de uma semana, quando se iniciou uma campanha online para que ela tivesse o direito de interromper a gravidez que aconteceu após uma série de estupros por parte do próprio tio, de 33 anos, na cidade de São Mateus (relembre aqui). Conforme explicou a PCES (Polícia Civil do Espírito Santo), a criança sofria abusos contínuos do tio desde os 6 anos de idade e não denunciou porque sofria ameaças.
O tio da menina foi preso, na madrugada do dia 18 de agosto, na cidade de Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, após gravar um vídeo acusando outros homens que convivam com a menina. A prisão foi feita pela Polícia Civil do Espírito Santo. O homem estava foragido desde a semana anterior, quando o caso ganhou repercussão, e foi indiciado por estupro de vulnerável e ameaça.
O caso rendeu muita polêmica nas redes sociais, quando um grupo de fundamentalistas religiosos se reunir na porta do CISAM (Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros) – centro de referência no atendimento ao aborto legal, onde a menina foi atendida – para tentar impedir a realização do procedimento. Com a repercussão, a identidade dela – protegida por lei – foi vazada na internet.
A menina de 10 anos vai participar de um programa do estado do Espírito Santo para passar por uma mudança de identidade e de casa. O programa, chamado Provita (Programa de Apoio e Proteção às Testemunhas, Vítimas e Familiares de Vítimas da Violência) tem o objetivo de oferecer apoio a pessoas que passaram por situações semelhantes à da menina e oferece aos participantes a possibilidade de trocar de identidade e de endereço, assim como serviços de segurança para as vítimas e as famílias.