O caso do pequeno Miguel, que morreu após cair do nono andar de um prédio (veja mais aqui), comoveu o país e levou a mãe do garoto, Mirtes Renata, ao Encontro com Fátima Bernardes, nesta sexta-feira (5). Durante o programa, a mãe pediu por justiça em um depoimento emocionante que fez a própria apresentadora chorar.
Na terça-feira (2), Miguel Otávio passava o dia com a mãe, que trabalha como empregada doméstica, quando foi deixado aos cuidados da empregadora. Sari Corte, que é esposa do prefeito de Tamandaré, cidade em Pernambuco, deixou o garoto sozinho no elevador após ele chorar por sentir saudade da mãe. Miguel subiu até o nono andar do prédio e caiu de uma altura de 35 metros.
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No Encontro, Mirtes Renata relatou como estão sendo os dias desde a morte do filho e pediu que o caso não fique impune. “Não estou conseguindo dormir no meu quarto porque, quando eu olho para a cama do meu filho e vejo que ele não está aqui, a dor aumenta mais ainda. Ele é a minha vida, eu não sei o que vai ser da minha vida sem ele. Aquilo doeu tanto, eu perdi o meu filho por falta de paciência. Por uma questão de 10 minutos, ela não teve paciência com o meu filho”, contou a mãe.
Gente a dor da mãe no Miguel no #encontro e a Fátima chorando. A primeira dama deveria voltar pra cadeia n tem preço q tire essa dor gente pic.twitter.com/4pjT4cgSsj
— Non (@NonLacerda) June 5, 2020
O depoimento emocionou Fátima Bernardes, que não conteve as lágrimas ao ouvir o depoimento deixou uma mensagem de apoio a Mirtes. “Você está sendo muito forte. Se eu posso te dizer uma coisa é que seu coração fique em paz. Se depender de mim, o caso não vai ser esquecido. Nem que eu mova céus e terras, o caso vai ser cumprido e a justiça vai ter que ser feita”, disse a apresentadora.
Mirtes consta como servidora pública
A mãe de Miguel, Mirtes Renata Santana de Souza, está registrada como servidora pública da cidade de Tamandaré. Apesar de trabalhar para o prefeito da cidade, Sérgio Hacker, como empregada doméstica no Recife, o nome dela consta no quadro de servidores do município.
Mirtes foi cadastrada como “Gerente de Divisão CC6”, com lotação em Manutenção das Atividades de Administração. No Portal da Transparência de Tamandaré, consta que a empregada recebia um salário de R$ 1.517,57 até março de 2020.
Nos dois últimos meses, abril e maio, o pagamento diminuiu para R$ 1.093,62. Como Mirtes Renata consta como servidora do município, apesar de trabalhar na casa do prefeito, o salário dela é pago com dinheiro público.
Mobilização
A empregadora de Mirtes, Sari Corte, chegou a ser detida no dia do crime e foi autuada por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. A mulher pagou uma fiança de R$ 20 mil e foi liberada. Ela deve responder pelo crime em liberdade.
Pelas redes sociais, a morte do menino causou comoção. Internautas levantaram uma campanha pedindo justiça na condução das investigações e a punição à empregadora.
Um abaixo-assinado (veja aqui) foi criado e já conta com mais de 1 milhão e 600 mil assinaturas até esta sexta-feira. “Queremos justiça pela vida do pequeno Miguel e por toda sua família vítima de uma tremenda irresponsabilidade da patroa. A vida dele importa e vale muito mais que 20 mil reais de fiança”, diz o texto que acompanha o abaixo-assinado.
a dívida do racismo definitivamente não pode ser paga pic.twitter.com/G1i1GzzgpP
— jude (@judepaulla1) June 4, 2020
Eu não tenho mais psicológico nenhum pra lidar com essas notícias ruins.
— Brii ⚫⚪✊? (@Alviinegra_sccp) June 4, 2020
Hoje o que causa revolta e entristece os nossos corações é a morte dessa criança que tinha apenas 5 anos de idade.
20 mil não traz a vida do Miguel de volta e nem ameniza a dor dessa mãe!#justicapormiguel pic.twitter.com/AvtXedZC5m
Uma mãe negra, uma criança negra. Uma madame branca que fez pouco caso da criança negra. A colocou SOZINHA no elevador, para que ele fosse encontrar a mãe. Ele caiu e morreu. 35 metros de altura. Ela faria o mesmo com o filho dela? Manda-lo sozinho? QUE ÓDIO. #justicapormiguel
— Santiago, Raull (de ?)? (@raullsantiago) June 4, 2020