Filho do fundador das Casas Bahia é acusado de estupro por 14 mulheres

Filho fundador Casas Bahia
Denúncias apontam para humilhação das vítimas em eventos na casa do empresário (Prefeitura de Araraquara/Divulgação)

O filho do fundador das Casas Bahia, Saul Klein, 66, está sendo acusado de estupro por 14 mulheres. O empresário entregou o passaporte à Justiça e está proibido de ter contato com as acusadoras. De acordo com elas, Klein aliciava e estuprava as vítimas em festas que promovia em sua casa, em Alphaville, na região metropolitana de São Paulo, desde 2008.

De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, as medidas foram pelo MPSP (Ministério Público de São Paulo) durante o andamento das investigações. As denúncias estão em segredo de Justiça em um inquérito policial aberto na Delegacia de Defesa da Mulher de Barueri. Em julho, foi arquivado um inquérito que investigava a suposta exploração sexual de uma menor de idade pelo empresário.

Saul Klein é filho de Samuel Klein, fundador das Casas Bahia, que morreu e 2014. Ele disputa a herança do pai na Justiça com o irmão mais velho, Michel Klein. Em 2010, Saul vendeu a parte da sociedade da empresa ao irmão, pelo valor estimado de R$ 1,5 bilhão.

‘Sugar daddy’

Ao jornal, a defesa de Saul Klein afirmou que ele é um sugar daddy, termo que designa homens ricos que sustentam mulheres financeiramente em troca de atos sexuais ou somente de companhia e carinho. “O sr. Saul Klein vem sendo vítima de um grupo organizado que se uniu com o único objetivo de enriquecer ilicitamente às custas dele, através da realização de ameaças e da apresentação de acusações falsas em âmbito judicial, policial e midiático”, afirmou o advogado André Boiani e Azevedo.

De acordo com o advogado, o empresário contratava uma agência que lhe trazia sugar babies (as mulheres financiadas pelos sugar daddies). “Ele era o ‘daddy’ de todos os ‘daddies’, do qual todas as ‘babies’ gostariam de ser ‘babies’”, afirmou. Ainda segundo ele, Klein parou de adquirir o serviço da empresa ao desconfiar que os donos estavam tentando extorqui-lo.

“Várias dessas pessoas já conseguiram se aproveitar dele em outras oportunidades, causando-lhe prejuízo milionário, e estavam acostumadas a essa situação. Quando perceberam que esse tempo acabou, passaram a difamá-lo publicamente”, completou Azevedo.

Humilhação e brutalidade

De acordo com as denúncias, noticiadas pela Folha, as mulheres eram procuradas por aliciadores em redes sociais e outros canais, e recebiam a informação falsa de que poderiam ser contratadas por uma empresa e conduzidas a uma apresentação, a título de “teste”.

“Os testes eram feitos em um flat e elas tinham que usar biquínis ou roupa íntima. Elas eram convencidas de que, se satisfizessem a lascívia do requerido Saul, poderiam ser contratadas para eventos na ‘mansão’ de Alphaville, quando então receberiam de mil a três mil reais, ou numa casa de campo dele em Boituva”, diz o despacho da Justiça.

Ainda segundo o documento, nos eventos, as mulheres tinham que usar biquínis e se submeter a atos sexuais “inclusive de modo humilhante e a contragosto” com o empresário. “Também podiam ter que ingerir droga, permanecer trancadas em um quarto por um dia inteiro e aceitar se submeter a consultas com médicos ginecologista e cirurgião plástico, (…) bem como receber aplicações de botox ou outros tratamentos destinados a prepará-las para as sessões”, completa.

O MPSP ressaltou, ainda, que celulares eram confiscados antes da entrada no local, e que as mulheres eram submetidas a atos de brutalidade e de humilhação, como cusparadas. “Em razão da constante exploração, da dependência econômica, do subjugo físico e da intimidação moral, muitas mulheres adoeceram e uma delas chegou a se suicidar”, completa o despacho.

Edição: Roberth Costa
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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