Condenado a mais de 20 anos de prisão pela morte de Eliza Samudio, o goleiro Bruno Fernandes afirmou que dorme “com a consciência tranquila” e não precisa pedir perdão a ninguém. A declaração do jogador, que cumpre regime semiaberto, foi feita em entrevista ao Conexão Repórter, do SBT, exibida nessa segunda-feira (7).
“Não (devo pedir perdão para ninguém). Todas as pessoas a quem eu pedi perdão já me perdoaram. Durmo com a minha consciência tranquila”, afirmou o goleiro. Bruno também questionou a condenação pelos crimes cometidos e acredita se tratar de uma injustiça. “Tem uma pancada de erro. Eu não sou o mandante. Para a prisão eu não volto, nunca mais”, disse.
Questionado se era um “anjo”, o goleiro rebateu: “Não, mas também não fui esse demônio”. Além de ser condenado pelo homicídio triplamente qualificado de Eliza, outro crime cometido foi sequestro e cárcere privado do filho dos dois, Bruninho, que o jogador não reconhece como filho. “Ele não pode falar que é meu filho se não tiver exame de DNA. Se não tem um exame, existe a dúvida. Já pedi na Justiça. Se fosse realmente meu filho, eu falaria sim”, pontuou.
Bruno, que atualmente joga no Rio Branco, time do Acre que disputa a Série D do Campeonato Brasileiro, se recusou a falar mais sobre o caso. O goleiro deixou a entrevista após a insistência do jornalista Roberto Cabrini em falar sobre Eliza Samudio. “Você veio aqui para fazer a entrevista sobre recomeço, acho melhor a gente encerrar por aqui”, disse.
Bruno no futebol
Bruno foi condenado pelo homicídio triplamente qualificado de Eliza e pelo sequestro e cárcere privado do filho, Bruninho. A pena é de 20 anos e nove meses de prisão. Em julho de 2019, ele progrediu para o regime semiaberto e, com autorização da Justiça, pode trabalhar durante o dia.
A decisão foi alvo de críticas, principalmente depois que o goleiro teve a possibilidade de voltar aos gramados. Na época, a mãe de Eliza lamentou que Bruno pudesse ser tratado como ídolo. “Ver pais levando os filhos para exaltar um assassino é uma inversão de valores. Eu acredito muito na ressocialização, inclusive na dele. Mas não no esporte. O esporte envolve ser ídolo e como um assassino vai ser ídolo de alguém?”, disse em entrevista ao UOL.
Recentemente, Bruno foi contratado pelo Rio Branco Futebol Clube. Mais uma vez, a decisão foi rodeada de polêmica. Foram registrados protestos em frente à sede do clube e a técnica do time feminino chegou a se demitir após a contratação. “O atleta não é um mero profissional, ele é um exemplo para a sociedade, para os jovens. E como um homem que cometeu um crime bárbaro como esse pode ser exemplo para alguém?”, disse Rose Costa.