VÍDEO: Homem debocha de vaga exclusiva para autistas e dispara comentário homofóbico

vagas autistas
No registro, o rapaz ironiza as vagas para pessoas com o Transtorno do Espectro Austista (TEA), direito garantido por lei (Reprodução/TikTok)

Um morador de Natal, no Rio Grande do Norte, recebeu uma chuva de críticas após publicar um vídeo com comentários homofóbicos e desinformação nas redes sociais. Ele aparece filmando vagas de estacionamento reservadas a pessoas autistas em um shopping da capital e afirma que são para “boiola”, “viado” e “fresco”.

No registro, o rapaz ironiza a existência das vagas e destila comentários preconceituosos, associando o símbolo da neurodiversidade às cores do arco-íris que representam a comunidade LGBTQIA+.

“E aí, guerreiros. Pra quem não sabe, não acreditava que ia acontecer, aqui na Zona Norte no shopping saiu na frente, viu? Já tem duas vagas reservadas pra boiola. Quem se habilita a estacionar aqui?”, debocha.

Por lei, pessoas com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) têm direito a uma porcentagem de vagas reservadas em estabelecimentos públicos e privados.

Vagas prioritárias para LGBT são fake news

Em fevereiro deste ano, circulou nas redes sociais a informação de que haveria uma proposta, no governo, para criar vagas de estacionamento prioritárias para o público LGBT. A mensagem que viralizou na internet, porém, não passou de fake news.

A informação falsa dizia que, a partir de 2024, as vagas de estacionamento exclusivo para a comunidade seriam obrigatórias. O Portal do Trânsito desmentiu as publicações sem fundamento, que se disseminaram principalmente a partir de uma suposta reportagem do g1 – que, pouco depois, negou ser autor do post fake.

Segundo a Lei 10.741/03, que institui o Estatuto da Pessoa Idosa, pessoas idosas têm direito a 5% das vagas nos estacionamentos públicos e privados. Já a Lei 13.146/15, de Inclusão da Pessoa com Deficiência ou Estatuto da Pessoa com Deficiência, reserva 2% do total de vagas. Na prática, há a garantia de ao menos uma vaga devidamente sinalizada e “com as especificações de desenho e traçado de acordo com as normas técnicas vigentes de acessibilidade”.

Influencer PCD se manifesta

A lei nº 12.764, de dezembro de 2012, determina que autistas são considerados Pessoas com Deficiência no Brasil. Desse modo, para todos os efeitos legais, estabelecimentos públicos e privados podem se valer da fita quebra-cabeça, símbolo mundial da conscientização, para “identificar a prioridade devida às pessoas com transtorno do espectro autista”.

O influenciador e ativista Ivan Baron, um dos responsáveis por entregar a faixa presidencial a Lula no início de janeiro, se manifestou sobre o vídeo polêmico. Nessa quarta-feira (22), ele compartilhou alguns conhecimentos sobre as vagas de estacionamento para autistas e destacou a importância de combater o preconceito.

“Vagas de estacionamento para autistas são alvo de piada homofóbica em shopping. Mas você sabia que é garantido por lei essas vagas para pessoas no TEA? Vamos aprender?”, escreveu na legenda do post, que já soma cerca de 27 mil curtidas.

No registro, Ivan, que tem paralisia cerebral, ressalta que a lei brasileira permite o uso dos símbolos para identificar a prioridade de autistas desde 2000. Ele ainda pontua que, caso as vagas com o símbolo de cadeira de rodas – reservadas a PCDs – estejam desocupadas, também podem ser usadas por quem está no espectro.

“E você sabe por que as pessoas autistas estão incluídas em vagas preferenciais de estacionamento?”, questiona. “Pode até não ser pela deficiência física em si, mas sim em questões sensoriais e comportamentais que algumas pessoas dentro do espectro possuem. E isso implica diretamente em sua mobilidade”, explica.

Desconhecimento e preconceito

Com a repercussão do vídeo inicial, os comentários homofóbicos foram amplamente condenados nas redes sociais. Dessa forma, no post de Ivan, internautas lamentam sobre a quantidade de desinformação e preconceito existente nas imagens compartilhadas.

“As pessoas não podem ver um arco-íris que já ficam doidas”, disse uma pessoa. “A luta contra a ignorância é longa… Quanto desconhecimento e preconceito!”, comentou outra. “As pessoas perderam a vergonha de serem preconceituosas e ainda se orgulham disso. Obrigada por todo o conhecimento divulgado aqui”, agradeceu uma terceira usuária.

Edição: Giovanna Fávero
Nicole Vasques[email protected]

Jornalista formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), escreve para o BHAZ desde 2021. Participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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