O Itamaraty vai acionar a embaixadora da Espanha no Brasil para tratar do novo episódio de racismo sofrido pelo jogador Vinicius Jr., do Real Madrid, nesse domingo (21). A informação foi divulgada pelo blog da jornalista Andreia Sadi no g1.
De acordo com o blog, o Ministério das Relações Exteriores vai chamar a embaixadora Mar Fernández-Palacios para transmitir a posição de repúdio e cobrança do governo brasileiro em relação ao caso.
O BHAZ procurou o Itamaraty para confirmar a informação e aguarda retorno.
Embaixada repudia racismo
Ainda ontem, a Embaixada da Espanha no Brasil se manifestou sobre o episódio de racismo sofrido pelo atleta brasileiro no país. Por meio das redes sociais, o órgão repudiou os xingamentos proferidos no estádio Mastella contra Vini Jr.
“A Embaixada condena com veemência as manifestações e atitudes racistas e expressa total solidariedade ao jogador Vinicius Jr. pelos ataques intoleráveis e cobardes sofridos hoje que de nenhuma maneira refletem as posições antirracistas da absoluta maioria da população espanhola”, diz nota.
Brasil notifica autoridades espanholas
O Ministério da Igualdade Racial (MIR) também informou ontem que acionará autoridades da Espanha para tomar providências após o caso de racismo.
“Notificaremos as autoridades espanholas e a La Liga [Liga de futebol da Espanha]. O Governo brasileiro não tolerará racismo nem aqui nem fora do Brasil! Trabalharemos para que todo atleta brasileiro negro possa exercer o seu esporte sem passar por violências”, diz nota divulgada nas redes sociais.
No Japão, após participar da Cúpula do G7, o presidente Lula (PT) também manifestou solidariedade a Vini Jr. e pediu providências à Fifa, à liga espanhola e às ligas de futebol de todos os países para que o “racismo e o fascismo” não tomem conta do futebol.
“Não é possível que quase no meio do Século 21 a gente tenha o preconceito racial ganhando força em vários estádios de futebol na Europa. Não é justo que o menino pobre que venceu na vida, que está se transformando possivelmente em um dos melhores [jogadores] do mundo – certamente do Real Madrid é o melhor – seja ofendido em cada estádio que ele comparece”, disse.
Relembre
Durante partida do Real Madrid contra o Valencia, no estádio Mastella, Vini Jr. foi, mais uma vez, vítima de ódio por torcedores rivais que o chamaram de “macaco”.
A partida chegou a ser interrompida. O atacante ainda foi expulso após ser agredido por um jogador adversário.
Nas redes sociais, ele se pronunciou sobre o ocorrido, relembrou que não é a primeira vez que sofre racismo em campo e deixou seu futuro na Europa em aberto.
“Não foi a primeira vez, nem a segunda e nem a terceira. O racismo é o normal na La Liga. A competição acha normal, a Federação também e os adversários incentivam. Lamento muito. O campeonato que já foi de Ronaldinho, Ronaldo, Cristiano e Messi, hoje é dos racistas”, criticou.
“Mas eu sou forte e vou até o fim contra os racistas. Mesmo que longe daqui”, decretou o jogador.
Em nota de repúdio sobre o caso, o Real Madrid informou que “considera que tais ataques também constituem um crime de ódio”. Desse modo, apresentou uma denúncia sobre o caso à Procuradoria-Geral do estado para dar início a investigações.