A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga o caso de uma jovem de 22 anos que descobriu ter sido vítima de estupro coletivo depois que uma amiga a alertou sobre um vídeo registrado durante o crime. Nas imagens, que foram compartilhadas na internet, a mulher aparece junto com três homens. Ela diz não se lembrar de nada e que acredita ter sido dopada.
O crime contra a jovem ocorreu no dia 13 de julho na cidade de Cantagalo, quando ela foi a uma festa e encontrou um amigo. Ela diz ter bebido cerveja oferecida pelo homem e que em determinado momento se sentiu mal. Disse ainda que pediu para ser levada para casa e que acordou no dia seguinte sem se lembrar do que ocorreu no caminho para o local. Ela soube que havia sido estuprada no último sábado (20), cerca de sete dias depois da festa.
A advogada da jovem, que não terá a identidade divulgada para preservá-la, conversou com o BHAZ nesta terça-feira (23). Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Cordeiro, município de onde a vítima é natural, Valéria Melo explicou que a cliente está bastante abalada.
“Ela tentou retomar a vida dela, já que sabe que não é culpada pelo crime do qual foi vítima, mas não conseguiu. Em uma cidade pequena como a nossa, há muita perseguição. Ela está sofrendo demais”, conta.
Segundo Valéria, a jovem trabalhava em um comércio familiar e tem uma filha. Ela chegou a ir ao estabelecimento para tentar retomar a rotina, mas a curiosidade de quem vive na região, além dos julgamentos, a atrapalharam. “Tem gente que entra para comprar qualquer coisa só para ver quem é. Alguns passam pela porta e ficam observando. A família dela está apoiando bastante, mas tem sido difícil. Ela chegou a pensar em tirar a própria vida”, conta a defensora. Para tentar evitar que algo de pior ocorra, a jovem passará por tratamento psicológico.
A advogada também elogiou o trabalho da Polícia Civil e disse que a corporação tem feito o melhor para elucidar o crime. “Dois dos suspeitos já foram ouvidos e um terceiro será ouvido na quinta-feira. A Polícia está agilizando e trabalhando bastante, inclusive para ouvir testemunhas. Três por parte da vítima já foram ouvidas”, explicou.
Segundo Valéria, além do processo criminal, a jovem também deve entrar com ações indenizatórias contra os homens que a estupraram e contra quem compartilhou o vídeo em questão. “O vídeo nos dá indícios de que foi drogada. Ela não conseguia fixar os olhos, estava bamba e um dos homens puxava o cabelo dela para que a cabeça ficasse erguida. Infelizmente, ela descobriu o crime sete dias depois da festa e não foi possível fazer exames para comprovar substâncias na urina, mas realizou outros procedimentos e tomou medicações para evitar doenças”, conta.
A própria jovem chegou a comentar o assunto por meio de uma rede social. Em uma publicação, ela contou ter sido vítima do crime e pediu para que as pessoas não compartilhem o vídeo em questão.
“Quero agradecer as mensagens de carinho de amigos e familiares. Estou bem, mas infelizmente fui vítima de um crime e as providências legais já estão sendo tomadas através da delegacia e da minha advogada. Peço que não incentivem o compartilhamento, pois além de me prejudicar, estes também serão investigados”, escreveu.