Uma líder religiosa de Luziânia, em Goiás, proferiu falas homofóbicas durante uma celebração após o primeiro turno das eleições. O vídeo ganhou repercussão nos últimos dias.
Débora Mendes disse que “não poderá pregar sobre viadagem” se o Partido dos Trabalhadores for eleito para governar o país. No mesmo vídeo, ela ainda afirmou que “não se pode ter petistas” na comunidade cristã, pois os valores e princípios não “coadunam” com os do partido. Ainda disse que não poderia mais “sacanear e fazer humor com tudo e com todas as coisas”.
A cerimônia religiosa ocorreu no último dia 3, logo após o primeiro turno, e foi transmitida pela página da Comunidade Mel de Deus. Com a repercussão negativa, o vídeo foi retirado do ar.
Instrução para voto em Bolsonaro
Na celebração, os fiéis foram instruídos a votar em Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno, no próximo dia 30. “Ele, nem de longe, nem de perto, é a melhor pessoa para governar, mas na conjuntura atual, é a única [pessoa] que consegue levar pancada e fazer enfrentamento contra a esquerda”, falou Débora.
A líder religiosa afirma que o voto em Lula (PT) seria apoio ao que ela chama de “ideologia de gênero”. “É o sem gênero. Você é qualquer coisa que você puder ser. Essa ideologia aguçou a pornografia, o suicídios e a depressão”.
Mentiras sobre ‘kit gay’
Ela seguiu o culto reproduzindo o famoso “kit gay”, notícia falsa disseminada durante a campanha presidencial de 2018. Na ocasião, o candidato Fernando Haddad (PT), teria distribuído materiais eróticos para crianças da capital paulista, o que é mentira.
“Eu vou falar bem rasgado com vocês para vocês entenderem. Pênis, mamadeira de pênis em São Paulo para crianças de 2 a 6 anos, Haddad colocou. Certo?”, continuou a pregadora. Veja o vídeo:
Bispo se manifesta
Ao Correio Braziliense, o Bispo Diocesano de Luziânia, Dom Waldemar Dalbello, disse que telefonou para a líder religiosa na manhã dessa segunda-feira (17). Ele reforçou o pedido para o cumprimento das normas católicas.
“Uma jovem leiga que fez essas afirmações em uma formação interna. Os fiéis mais leigos, aqueles que não são padres nem bispos, mas têm funções, recebem essas orientações de reforço”, falou o Bispo.
O religioso falou ainda que a prática foge a uma orientação geral da igreja católica de não incentivar fiéis com orientações político-partidárias. Ele disse que o período eleitoral tem sido conturbado, mas falou que a situação foi um caso isolado.