Mãe acusa policiais de torturar filhos durante abordagem na Bahia

mãe denuncia tortura
Dona de casa detalhou como foi a ação dos militares (Reprodução/@midianinja/Instagram)

Circula pelas redes sociais o desabafo de uma mãe contando os momentos de terror que viveu com os filhos durante uma ação da PM da Bahia no último dia 29 de agosto. A dona de casa Jucide Silva Oliveira relata que policiais invadiram a casa dela, em Capim Grosso, e torturam os filhos Jeanderson Silva, de 21 anos, e Gedson Silva, de 26, com uma mangueira. O comandante da corporação informou que o caso será investigado.

“Só por que a gente é preto? Aqui todo mundo é trabalhador e honesto… Eles [policiais] têm que aprender a fazer o trabalho deles direito. A gente é pobre, mas não é cachorro não. Em pleno sábado, todo mundo sossegado, sem briga, sem nada e acontecer uma coisa dessa com a gente”, diz em um dos trechos do vídeo compartilhado.

Ao lado da dona de casa, está o filho mais novo, que chora a todo instante, devido ao trauma causado pela ação policial. Segundo Jucide, o jovem estava com o pé quebrado, mas mesmo assim foi enforcado e apanhou bastante. “Eu na minha pia, lavando louça, meus filhos em casa e botaram mangueira no pescoço de todo mundo e bateram nos meus filhos ate desmaiarem”.

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A dona de casa Jucide Silva Oliveira viveu um momento de terror com a família em Capim Grosso, na Bahia. Neste vídeo, ela aparece ao lado do filho Jeanderson aos prantos pela violência policial que sofreu dentro de casa. Nas imagens, ela afirma que policiais invadiram sua casa e torturam os dois filhos com uma mangueira. "Só por que a gente é preto? Aqui todo mundo é trabalhador e honesto", diz a mulher. "Eles têm que aprender a fazer o trabalho deles direito porque a gente é pobre, mas não é cachorro não", falou. Ao portal @aratuonline, ela afirmou que a polícia invadiu a casa no bairro José Mendes de Queiroz à procura de uma pessoa "irmão do Marcelo", que eles não sabem quem é. Ela disse que estava na cozinha lavando pratos quando invadiram a sua casa e pediram para que todos saíssem. Ela, então, junto com o ex-marido e os dois filhos, foram até a frente da casa para que os agentes pudessem fazer a abordagem. Jucide relatou ainda que, além de sua família, outros vizinhos também foram postos para fora de casa. "Começaram a enforcar o meu vizinho com a mangueira, deram socos e fizeram o mesmo com outro vizinho". A mulher sustentou ainda que os policiais utilizaram a mesma mangueira para enforcar Jeanderson em sua frente e, logo depois, fizeram o mesmo com Gedson, seu outro filho, que caiu ao chão recebendo vários socos. "A todo momento eles [os policiais] insistiam em querer saber onde estava o irmão de Marcelo", contou. "Chamaram meus filhos de 'cagão' e 'aleijadinho', além de cortarem o cabelo de Jeanderson com uma tesoura", disse, emocionada. Um dos filhos dela está andando com ajuda de muletas, por ter sofrido um acidente de motocicleta há dois meses. Ele quebrou uma das pernas durante a ocorrência de trânsito. O caso está sendo apurado pela corporação. Siga @casaninjabahia e confira mais conteúdos da Bahia. Fonte: Aratu On @aratuonline #tortura #bahia #capimgrosso #violenciapolicial

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Na sequência do vídeo direcionado à prefeita Lydia Fontoura Pinheiro, Jucide diz que esta não é a primeira que a casa da família é invadida. A forma como os policiais agem fez o filho dela ficar traumatizado a ponto de querer mudar de bairro. “Vocês têm que orientar [os policias], porque em bairro de pobre não é todo mundo que é vagabundo não. Enforcaram sem necessidade nenhuma. Olharam tudo e não acharam nada”, pontua.

No momento da gravação, outras pessoas se revoltaram com a ação policial e disseram: “Vocês trabalham para bater em ser humano trabalhador? Quem paga o salário de vocês somos nós”.

O BHAZ entrou em contato com a PM da Bahia por email, mas até o fechamento desta matéria não obteve o retorno da demanda. A corporação informou, ao Aratu On, que não tolera violência nas abordagens e que um inquérito será instaurado para apurar o caso.

Ao mesmo portal de notícias, o comandante da região, major Berenilson Maia Dias, disse que “não tolera violência e espera que, ao final, tudo seja esclarecido”. “A polícia tem um respeito pela comunidade e posso dizer que nosso trabalho é exemplar. Vamos procurar ver o que houve, porque não tem indícios, não vemos imagens de policiais agredindo a família”, disse ao Aratu On, se referindo ao vídeo da denúncia.

Edição: Thiago Ricci
Vitor Fórneas[email protected]

Repórter do BHAZ de maio de 2017 a dezembro de 2021. Jornalista graduado pelo UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) e com atuação focada nas editorias de Cidades e Política. Teve reportagens agraciadas nos prêmios CDL (2018, 2019 e 2020), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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