Mães solo têm mais dificuldade de entrar no mercado de trabalho, aponta pesquisa da FGV

maternidade solo
Os dados do 4º trimestre de 2022 mostram que mais da metade das mães solo tem, no máximo, ensino fundamental completo (Wilson Dias/Agência Brasil)

Mães solo são aquelas que assumem, exclusivamente, as responsabilidades pela criação do filho. No ano passado, eram mais de 11 milhões de mulheres nessa situação no país, número que apresentou um aumento de 17,8% em relação a 2012. Com a sobrecarga da maternidade carente de uma rede de apoio, o ingresso no mercado de trabalho é ainda mais dificultado.

É o que aponta uma pesquisa da FGV (Fundação Getúlio Vargas), divulgada próximo ao Dia das Mães de 2023. Na última década, o número de mães solo passou de 9,6 milhões a 11,3 milhões no Brasil. Além de refletir o cenário do abandono paterno, a mudança negativa aponta para as desigualdades socioeconômicas e raciais do país: entre as mães solo negras, os indicadores se tornam piores.

Maternidade solo tem contornos sociais e raciais

Os dados do 4º trimestre de 2022 mostram que mais da metade das mães solo tem, no máximo, ensino fundamental completo. Menos de 14% têm ensino superior.

Para o grupo das mulheres negras em específico, a tentativa de equiparação aos homens no mercado de trabalho é mais crítica: cerca de 58% delas se concentra nos extratos de nível educacional mais baixo, enquanto uma minoria – 8,9% – tem nível superior.

Um dado relevante é que 72,4% das mães solo vivem somente com o (s) filho (s), isto é, não residem com parentes ou pessoas próximas que as ajudem na criação dos pequenos. Outro fator a se considerar é idade da mulher quando se torna mãe. Caso a maternidade ocorra durante a fase escolar, antes dos 24 anos, pode gerar uma série de desdobramentos irreversíveis.

Janaína Feijó, responsável pela pesquisa da FGV sobre maternidade solo, destaca que essas mulheres carecem de uma rede de apoio sólida. “As mães solo enfrentam desafios adicionais para se inserirem no mercado de trabalho, pois, na maioria das vezes, não podem contar com outras pessoas para compartilhar as despesas financeiras do lar ou com uma rede de apoio que a possibilite conciliar maternidade, estudo e trabalho”, explica.

A conjuntura faz com que muitas delas recorram à informalidade para conciliar a maternidade e a responsabilidade dentro de casa.

Maternidade solo: um tópico a ser debatido

A maternidade solo não diz respeito somente à ausência de um marido ou companheiro, mas sim ao fato de as responsabilidades da criação recaírem totalmente sobre a mãe da criança.

“As partes boas são muito boas e as partes ruins são muito ruins”. A definição da maternidade, feita por uma mãe, traduz o que uma sociedade reluta enxergar. Acompanhados do amor e alegria indescritíveis, a mulher convive com solidão e discriminação no emprego e na família. Situação ainda mais exaustiva quando o auxílio afetivo dos pais simplesmente não existe.

Neste Dia das Mães, o BHAZ resgata uma reportagem sobre a maternidade solo em diferentes perspectivas. As chamadas “mães solteiras” até pouco tempo atrás – termo inadequado para caracterizar a solidão dessas mulheres – relatam as partes boas e ruins das noites sem dormir, braços cansados e exaustão de criar um filho por conta própria – e, boa parte das vezes, sem ajuda alguma. Para ler a matéria completa, clique aqui.

Nicole Vasques[email protected]

Jornalista formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), escreve para o BHAZ desde 2021. Participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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