Marcius Melhem se torna réu por assédio sexual contra três mulheres

Outras denúncias foram arquivadas devido à prescrição dos casos (TV Globo/Divulgação)

O ator e diretor Marcius Melhem se tornou réu por assédio sexual, praticado de forma continuada contra três vítimas, após denúncia oferecida pelo MPRJ (Ministério Público do Rio de Janeiro). A informação foi divulgada pela colunista Juliana Dal Piva, do UOL, e confirmada pelo BHAZ.

De acordo com o órgão, a investigação sobre um crime de importunação sexual cometido contra uma das vítimas foi arquivada devido à prescrição punitiva do ocorrido. De acordo com o g1, essa vítima é a atriz Dani Calabresa, que denunciou Marcius Melhem em 2019.

Em relação a outras cinco vítimas de assédio sexual, o MP também propôs o arquivamento em razão da prescrição.

A ação penal foi ajuizada na última sexta-feira (5) pela 2ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Territorial da Área Botafogo e Copacabana. Nessa terça (8), a 20ª Vara Criminal do TJRJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro) recebeu a denúncia, tornando o humorista réu. Agora, o caso corre em segredo de Justiça.

Por meio de nota, os advogados das vítimas afirmaram que a denúncia do MP demonstra que as investigações confirmaram as acusações das vítimas.

“A concretização da denúncia mostra que a campanha de intimidação levantada pelo assediador contra as atrizes e profissionais envolvidos nas apurações não surtiu efeito, tendo os órgãos de persecução penal cumprido seu papel”, diz comunicado assinado por Antônio Carlos de Almeida Castro, Mayra Cotta, Marcelo Turbay e Davi Tangerino.

Denúncias

Uma das denunciantes é a atriz Carol Portes, que disse ao UOL que foi assediada sexualmente por Melhem durante a produção do programa “Tá no Ar”, da TV Globo. Além dela, a denúncia é baseada nos depoimentos da atriz Georgiana Góes e de outra funcionária, cuja identidade não foi divulgada.

Em março deste ano, Dani Calabresa, Georgiana Góes, Renata Ricci e Veronica Debom concederam entrevista conjunta ao colunista Guilherme Amado, do Metrópoles, sobre as denúncias. Maria Clara Gueiros, Eduardo Sterblicht, Marcelo Adnet, Cininha de Paula, Mauro Farias, Warchavsky e Luciana Fregolente também participaram como testemunhas.

O grupo contou que Marcius Melhem costumava manter as atrizes sob seu domínio, impedindo que elas participassem de novelas. Segundo as vítimas, o artista, que era diretor do Núcleo de Humor da Globo, tinha o costume de contracenar encostando o pênis ereto em atrizes ou tentando usar a língua durante as cenas de beijo.

Desde a instauração do inquérito que investiga as acusações, em junho de 2021, quatro delegados já atuaram no caso, e houve três trocas de promotor. Neste ano, a PGJ-RJ (Procuradoria-Geral de Justiça do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro) nomeou a procuradora Isabela Jourdan da Cruz Moura para auxiliar nas investigações.

Para os advogados de Marcius Melhem, a escolha da promotora viola o “princípio do promotor natural”, já que ela não teria tido contato com o caso.

“Ignorando totalmente os elementos de informação do Inquérito Policial, a denúncia acusa Marcius Melhem do crime de assédio sexual contra três das oito supostas vítimas. No momento oportuno, esta absurda acusação será veementemente contestada pela defesa do ex-diretor”, diz nota de Ana Carolina Piovesana, José Luis Oliveira Lima, Letícia Lins e Silva e Técio Lins e Silva.

Nota dos advogados das vítimas

“A acusação do Ministério Público no caso Marcius Melhem, prontamente aceita pela Justiça, demonstra que a investigação confirmou os fatos corajosamente denunciados pelas vítimas. Em outras palavras: para o Ministério Público, Marcius Melhem cometeu reiteradamente assédio sexual. Mais que isso, a concretização da denúncia mostra que a campanha de intimidação levantada pelo assediador contra as atrizes e profissionais envolvidos nas apurações não surtiu efeito, tendo os órgãos de persecução penal cumprido seu papel. A defesa ainda não teve acesso ao conteúdo da denúncia e, por esse motivo, não pode comentar dados específicos neste momento. Confiamos no Judiciário brasileiro para que uma resposta justa e exemplar para os episódios denunciados venha com celeridade, à altura do que um caso emblemático e grave como esse exige para as vítimas e para a sociedade”.

Nota dos advogados de Marcius Melhem

A escolha ilegal de uma promotora que não teve nenhum contato com as investigações, em evidente violação ao princípio do promotor natural, fato gravíssimo já levado à apreciação do Supremo Tribunal Federal, resultou, como se esperava, em uma denúncia confusa e inteiramente alheia aos fatos e às provas. Ignorando totalmente os elementos de informação do Inquérito Policial, a denúncia acusa Marcius Melhem do crime de assédio sexual contra três das oito supostas vítimas. No momento oportuno, esta absurda acusação será veementemente contestada pela defesa do ex-diretor, que segue confiante na Justiça, esperando que a magistrada não dê prosseguimento ao processo, como lhe faculta a lei”.

Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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