Morre aos 86 anos Doca Street, assassino da mineira Ângela Diniz

Morre assassino Doca Street
Doca assumiu o crime e recebeu sentença de 18 meses no primeiro julgamento (Reprodução/Twitter)

Morreu hoje (18), aos 86 anos, o empresário Raul Fernando do Amaral Street, o Doca Street. Doca ficou conhecido pelo assassinato da socialite mineira Ângela Diniz, em dezembro de 1976. A morte foi confirmada pela família de Doca, que afirmou ao jornal O Globo que o homem teve uma parada cardíaca e não resistiu.

Doca matou Ângela às vésperas do réveillon de 1976/77, com quatro tiros no rosto. O crime ocorreu em uma casa na Praia dos Ossos, em Búzios-RJ. Os dois viviam em um relacionamento, mas após uma briga Ângela colocou fim na relação. O homem não aceitou o término e matou a mulher, que na época tinha 32 anos.

Sentença questionada

O primeiro julgamento de Doca ocorreu em 1979, e foi acompanhado por todo o Brasil. A defesa do assassino confesso alegou “legítima defesa da honra”. A Justiça atendeu ao pedido do advogado de Doca e o réu foi condenado a somente 18 meses de prisão.

A justificativa causou revolta para mulheres e militantes dos movimento feminista, já que a premissa excluiu o direito à vida da mulher. Centenas delas se reuniram e cobraram um novo julgamento, que ocorreu dois anos depois. Em 1981, Doca foi condenado a 15 anos de prisão. Depois de cumprir cinco anos entre regime fechado e semiaberto no Rio de Janeiro, Doca voltou para São Paulo, onde viveu a maior parte do tempo.

A morte da mineira indignou mulheres e militantes feministas na época. (Reprodução/Twitter)

Direito à vida lembrada

A história de vida e a morte de Ângela Diniz virou tema de uma série de podcasts. Em oito episódios, o podcast Praia dos Ossos veio do trabalho da norte-americana Flora Thomson-Deveaux, que atualmente mora no Rio de Janeiro (RJ), e da carioca Branca Vianna, com produção da Rádio Novelo. O trabalho está disponível em todas as plataformas de streaming e também no YouTube.

A proposta é, entre muitas, desvincular a imagem da mulher do seu assassino. A série conta com detalhes a vida de Ângela na frente e por trás dos holofotes, além de trazer a importante reflexão sobre o direito à vida e a liberdade da mulher naquela época e nos dias de hoje. “Quem foi julgado foram as mulheres. Aquele julgamento era pra dizer “olha, se comportem!”, diz uma das entrevistadas da série.

Edição: Roberth Costa
Jordânia Andrade[email protected]

Repórter do BHAZ desde outubro de 2020. Jornalista formada no UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) com passagens pelos veículos Sou BH, Alvorada FM e rádio Itatiaia. Atua em projetos com foco em política, diversidade e jornalismo comunitário.

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