Um motoboy de Salvador, na Bahia, arrancou lágrimas de internautas nessa quarta-feira (8) ao mostrar a realidade de milhares de pais e mães de crianças neuroatípicas. Em meio à chuva, Wanderlei Luz gravou um vídeo mostrando o verdadeiro propósito do seu trabalho: dar mais qualidade de vida ao filho autista.
“Eu sou motoboy, sou pai do João Bernardo, autista, de 3 anos, nível 2 de suporte, não-verbal. Essa minha bag que carrega o seu pedido, carrega o meu sonho de ver o meu filho falar. Eu trocaria tudo nessa vida para realizar esse sonho”, diz ele no vídeo.
Em seguida, ele manda um recado para que o filho veja no futuro. “Não desisto nunca de você não, viu, meu filho? Papai tá aqui na chuva, faça chuva, faça sol, seu pai tá correndo atrás dos seus sonhos. E você está aqui comigo”, declarou Wanderlei, ao mostrar a foto de João Bernardo na bolsa de entregas.
O vídeo emocionou centenas de pessoas nas redes sociais e, ao BHAZ, o motoboy explica que o seu único propósito de vida é ver o filho se comunicar. Ele disse que, para gravar o vídeo, colocou o celular em cima de um tubo para mostrar a luta diária que enfrenta pela criança.
“Às vezes eu acordo cansado, sem vontade nenhuma de trabalhar. A gente sofre muito preconceito diariamente. Mas eu sempre faço vídeos para incentivar as pessoas a não desistirem dos seus filhos com deficiência”, explicou.
Comunicação pelo olhar
Wanderlei explica que o pequeno João Bernardo faz um tratamento semanal com um psicólogo, um terapeuta ocupacional e um fonoaudiólogo. Agora ele também vai começar a frequentar um fisioterapeuta, pois anda na ponta dos pés.
“Devagarzinho já está surtindo efeito. Ele já tem o contato visual, que antes não tinha. Agora ele olha para as pessoas e atende pelo nome. O problema dele é a fala, como eu sou um cara que gosta muito de internet, eu sempre vejo vários vídeos e aprendo a incentivar ele”, disse.
“A gente quer que ele fale de qualquer jeito, até pela própria segurança dele. Só eu e a mãe dele sabemos o que ele quer, o que ele precisa, quando ele está doente ou triste. A gente conhece ele pelo gesto, pelo olhar”,acrescentou.