‘Nunca deixou um filho trabalhar, porque achava que filho tinha que estudar’, disse irmão de Bolsonaro em 2015

Bolsonaro em live semanal e trecho de troca de tuítes com internauta que cita matéria com mãe e irmão do presidente (Facebook/Twitter/@jairbolsonaro/REprodução)

A declaração do presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), que deu a entender que ele estava defendendo a descriminalização do trabalho infantil, em transmissão ao vivo nas redes sociais, na última quinta-feira (4), continua causando polêmica.

Portais de notícias e blogs resgataram entrevista da mãe do presidente, Olinda Bonturi Bolsonaro, e do irmão dele, Renato Bolsonaro, que coloca em dúvida a afirmação do dirigente brasileiro de ter trabalhado desde os 9 anos de idade em uma fazenda no interior de São Paulo.

Em entrevista à revista Crescer, em março de 2015, Renato disse que o pai deles, Geraldo, “tinha o estilão dele (Bolsonaro), boêmio”, “mas nunca deixou um filho trabalhar, porque achava que filho tinha que estudar”.

O depoimento revela o oposto do que foi dito pelo presidente Bolsonaro em sua live nas redes sociais. “Fique tranquilo que não vou apresentar nenhum projeto aqui para descriminalizar o trabalho infantil, pois eu seria massacrado. Mas quero dizer que eu, meu irmão mais velho, uma irmã minha também, pouco mais nova, com essa idade, 8, 9, 10, 12 anos, trabalhava na fazenda. Trabalho duro”, declarou.

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Atacado por movimentos de combate ao trabalho infantil, o presidente da República voltou às redes sociais nesta sexta-feira (5) para se defender. “A esquerda está me atacando por defender que nossos filhos sejam educados para desenvolver a cultura do trabalho desde cedo. Se eu estivesse defendendo sexualização e uso de drogas, estariam me idolatrando. Essa é a verdade!”, disse no Twitter.

Mais tarde voltou ao tema: “Não devemos confundir o incentivo ao trabalho e à disciplina com exploração, abuso e abandono da escola. São coisas completamente distintas e todos sabemos disso. Um forte abraço a todos!”.

Uma usuária do aplicativo então lembrou a declaração dada pelos familiares. “Segundo seu irmão Renato, seu pai nunca deixou você e seus irmãos trabalharem, porque achava que os filhos tinham que estudar. E agora tá aí falando que trabalhou? Até hoje você não trabalha, demônio”, rebateu a seguidora.

Twitter/reprodução

Juízes protestam

A Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra) manifestou repúdio às declarações do presidente da República em defesa do trabalho infantil.

Bolsonaro, de acordo com a associação, “demonstra desconhecer por completo a realidade de mais de dois milhões de crianças e adolescentes massacrados pelo trabalho em condições superiores às suas forças físicas e mentais”.

A Anamatra lembra, ainda, que o Brasil tem 2,4 milhões de crianças e adolescentes entre cinco e 17 anos trabalhando, de acordo com dados do IBGE (PnadC 2016), o que representa 6% da população (40,1 milhões) nessa faixa etária. Desse universo, 1,7 milhão exercem também afazeres domésticos de forma concomitante ao trabalho e, provavelmente, aos estudos.

“O que os cidadãos brasileiros aguardam é que o Governo Federal desenvolva políticas públicas de reinserção de 45 milhões de adultos desempregados e subutilizados ao mercado de trabalho.”

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