Marinha fará buscas e PF apura desaparecimento de jornalista britânico e indigenista na Amazônia

Jornalista e indigenista
Os dois estavam no Vale do Javari e vinham recebendo ameaças (Reprodução/Twitter + Bruno Jorge/Funai)

O desaparecimento do indigenista Bruno Araújo Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, correspondente do jornal The Guardian no Brasil, é motivo de comoção internacional nesta segunda-feira (6). Os dois estavam no Vale do Javari, no Amazonas, e vinham recebendo ameaças, de acordo com a coordenação da União das Organizações Indígenas do Vale do Javari (Univaja).

O MPF (Ministério Público Federal) instaurou, nesta manhã, um procedimento administrativo para apuração do desaparecimento. O órgão também acionou a Polícia Federal (PF), a Polícia Civil, a Força Nacional, a Frente de Proteção Etnoambiental Vale do Javari e a Marinha do Brasil.

De acordo com o MPF, a Marinha já confirmou que conduzirá as atividades de busca na região, por meio do Comando de Operações Navais. Já a PF informou que já está acompanhando e trabalhando no caso. “As diligências estão sendo empreendidas e serão divulgadas oportunamente”, diz nota da instituição.

O desaparecimento

Bruno Pereira e Dom Phillips chegaram na sexta-feira no Lago do Jaburu, nas proximidades do rio Ituí, para que o jornalista visitasse o local e fizesse entrevistas com a população indígena da região.

Segundo a Unijava, os dois deveriam retornar nesse domingo (5) para a cidade de Atalaia do Norte por volta de 9h da manhã, após parada na comunidade São Rafael, para que o indigenista fizesse uma reunião com uma pessoa da comunidade apelidado de “Churrasco”.

No início da tarde, uma primeira equipe de busca da Univaja saiu de Atalaia do Norte em busca dos desaparecidos, mas não os encontrou.

“A última informação de avistamento deles é da comunidade São Gabriel – que fica abaixo da São Rafael – com relatos de que avistaram o barco passando em direção a Atalaia do Norte. Às 16h, outra equipe de busca saiu de Tabatinga, em uma embarcação maior, retornando ao mesmo local, mas novamente nenhum vestígio foi localizado”, diz a nota da organização.

Ainda segundo a Univaja, Bruno Pereira, que faz parte do quadro da da Fundação Nacional do Índio (Funai), é pessoa “experiente e profundo conhecedor da região”. Os dois viajavam com uma embarcação nova, com combustível suficiente para a viagem.

Ameaças

A nota ainda afirma que a equipe havia recebido ameaças em campo na semana do desaparecimento, conforme relatos dos colaboradores da organização.

“A ameaça não foi a primeira, outras já vinham sendo feitas a demais membros da equipe técnica da Univaja, além de outros relatos já oficializados para a PF, ao MPF em Tabatinga, ao Conselho Nacional de Direitos Humanos e ao Indigenous Peoples Rights International”, finaliza o comunicado.

Repercussão

O desaparecimento do jornalista e do indigenista é assunto ao redor do mundo e preocupa trabalhadores das duas áreas. Um porta-voz do Guardian News & Media disse que está acompanhando a situação e em contato com as embaixadas brasileira e britânica.

“O Guardian está muito preocupado e busca urgentemente informações sobre o paradeiro e a condição de Phillips. Estamos em contato com a embaixada britânica no Brasil e com as autoridades locais e nacionais para tentar apurar os fatos o mais rápido possível”, diz comunicado divulgado em reportagem do jornal.

Jonathan Watts, editor do The Guardian, também expressou preocupação com o desaparecimento do colega jornalista e do indigenista. Em publicação nas redes sociais, ele pediu que as autoridades brasileiras comecem as buscas imediatamente.

O ex-presidente Lula (PT) se manifestou sobre o caso e lembrou que Dom Phillips já o entrevistou para uma reportagem, em 2017. “Espero que sejam encontrados logo, que estejam bem e em segurança”, escreveu ele nas redes sociais. O presidente Jair Bolsonaro (PL) não comentou sobre o desaparecimento.

A Human Rights Watch também divulgou nota a respeito do caso. “É extremamente importante que as autoridades brasileiras dediquem todos os recursos disponíveis e necessários para a realização imediata das buscas, a fim de garantir, o quanto antes, a segurança dos dois”, diz o comunicado assinado pela diretora do escritório da organização no Brasil, Maria Laura Canineu.

Com Agência Brasil

Edição: Roberth Costa
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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