Presidente da Funai é alvo de protesto de indigenista e deixa evento em Madri: ‘Miliciano’

Protesto contra presidente da Funai
Acusações constrangeram Xavier a deixar o local (Reprodução/@ricardorao7/Twitter)

Atualização às 09:27 do dia 22/07/2022 : Atualizado para incluir nota divulgada pela Funai.

O presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio), Marcelo Xavier, precisou deixar um evento em Madri, na Espanha, depois de ser alvo de protestos por parte de um indigenista brasileiro. Ricardo Rao, ex-servidor da fundação, chamou Xavier de “miliciano” e “assassino”.

Os protestos ocorreram durante a assembleia geral do Fundo para o Desenvolvimento dos Povos Indígenas da América Latina e Caribe (Filac), nesta quinta-feira (21). O ex-servidor publicou nas redes sociais um vídeo que mostra as acusações que constrangeram o presidente da Funai a deixar o local.

“Este homem não pertence a este lugar. Não é digno de estar entre vocês. O Itamaraty está sendo babá de miliciano, Marcelo Xavier é miliciano. Este homem é um assassino”, protestou Ricardo Rao. Ele ainda acusou o presidente da fundação de ser responsável pelas mortes de Bruno Pereira e Dom Phillips.

De acordo com o UOL, o manifestante Ricardo Rao entrou na fundação em 2010, no mesmo período do colega indigenista Bruno Pereira. Ele afirma que precisou se exilar depois de sofrer inúmeras ameaças de morte e ver companheiros assassinados.

“A milícia controla hoje a Funai. Sempre recebemos ameaças. Bruno recebeu, eu recebi e até minha mãe recebeu. Agora, a diferença é que as ameaças se cumprem. Quem faz a ameaça acha que pode matar. Afinal, o Bolsonaro falou, não é?”, disse o ex-servidor ao portal.

Rao atuava em Maranhão e deixou o país em novembro de 2019, quando foi para a Noruega e passou dois anos com status temporário de exilado. Hoje, ele mora em Roma, na Itália. “Eu quero voltar um dia. Mas não sei como. Eu tentei fazer barulho antes. Bruno ficou e morreu”, lamenta.

Funai repudia episódio

Procurada pelo BHAZ, a Funai compartilhou nota de repúdio ao episódio, classificado como ataque verbal. Para a entidade, as atitudes do ex-servidor são “irresponsáveis, violentas e antidemocráticas”, e inviabilizam qualquer tipo de diálogo sadio e producente.

“A fundação entende que não se constroem políticas públicas na base de ofensas e argumentos destituídos de fundamento e provas. Tais atitudes não são compatíveis com o Estado Democrático de Direito”, defende a Funai.

O órgão ainda informa que tomou providências junto à Polícia Judiciária da Espanha, além de ressaltar que o presidente da Funai optou por sair voluntariamente do local do evento. “Inclusive, os lamentáveis ataques serão objeto de ação judicial por crime contra a honra e ação de indenização por danos morais”, garante.

A nota também afirma que Ricardo Rao foi exonerado por não ter cumprido as condições de estágio probatório. “Por fim, a fundação reforça que, enquanto instituição pública, calcada na supremacia do interesse público, não coaduna com nenhum tipo de conduta ofensiva, repudia qualquer forma de desrespeito e segue aberta ao diálogo com os diferentes setores da sociedade”, finaliza.

Edição: Roberth Costa
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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