Entre o primeiro e segundo turno das eleições 2022, a PRF (Polícia Rodoviária Federal) aumentou em até nove vezes a fiscalizações de ônibus no Nordeste do país. Informações obtidas com exclusividade pelo jornal Estadão revelam que esse aumento é três vezes maior que o registrado nas demais regiões do Brasil.
Os estados no Nordeste são onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) obteve votação mais expressiva. Ainda de acordo com o jornal, o Ministério Público Federal vai investigar se as forças de segurança foram usadas por algum grupo para dificultar o acesso às zonas eleitorais naquela região.
De acordo com planilhas sigilosas obtidas pelo Estadão, no primeiro turno das eleições, em 2 de outubro, a PRF abordou 298 ônibus. Já no segundo turno, em 30 de outubro, o número subiu para 678.
No estado do Alagoas, por exemplo, o número de fiscalizações saltou de sete para 90 entre um turno e outro. Já no Maranhão, as abordagens à ônibus que transportavam eleitores subiu de dez para 74. Em Santa Catarina, onde Jair Bolsonaro obteve 69% dos votos, as abordagens cresceram de sete para 28.
TSE intima diretor-geral da PRF
No último domingo (30), o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) intimou o diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal a dar explicações sobre as operações que estavam sendo realizadas no segundo turno das eleições (veja aqui).
O despacho cita um vídeo publicado nas redes que mostra a PRF fazendo blitz na entrada de Cuité (PB), cidade a 219 km da capital João Pessoa. Na noite anterior, o ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE, proibiu a PRF de organizar qualquer operação que afete o transporte público dos eleitores.
De acordo com a decisão do ministro, os diretores da PF e da PRF podem ser responsabilizados criminalmente caso descumpram a medida. No Twitter, a tag “deixem o Nordeste votar” esteve entre os assuntos mais comentados do Brasil no domingo de eleições.