Jovem denuncia racismo nas Lojas Americanas: ‘Momento mais humilhante da minha vida’

@barbz_carol/Instagram/Reprodução + @emcxxr/Twitter/Reprodução

“Minha irmã saiu de lá tremendo de tanto chorar pela vergonha que eles fizeram a gente passar”. É assim que a vendedora Carol Medeiros, de 20 anos, relata uma experiência vivida em uma unidade da Lojas Americanas nesse domingo (1º). A jovem e a irmã foram abordadas na saída do local por um segurança que suspeitava que elas tivessem furtado algo.

Ao entrar na loja de Planaltina, no Distrito Federal, com uma sacola de livros, Carol diz que ela e a irmã já foram logo seguidas por um segurança. Após realizar a compra de outros produtos, na saída, foram abordadas e obrigadas a apresentar a nota fiscal dos livros. “Tentei explicar que a gente já havia entrado com os livros na loja, eles não acreditaram e fizeram a gente ficar esperando na entrada”, relatou em um desabafo no Facebook.

Ao BHAZ, Carol conta que a primeira reação dela foi de indignação. “Mesmo sendo negra, nunca tinha passado por uma situação de racismo tão desrespeitosa. As pessoas estavam achando que a gente realmente tinha feito alguma coisa”, desabafa.

+ E se o racismo acabasse hoje, o que você faria?

A jovem conta que enquanto os seguranças conferiam as imagens das câmeras, elas foram obrigadas a esperar, expostas e constrangidas. “Ficamos rodeadas por um segurança na saída, pessoas entrando e saindo olhando torto pra gente. Principalmente para mim! Foi extremamente humilhante”, escreveu.

Após a confirmação de que as jovens já tinham entrado com os livros, elas foram liberadas com a explicação de que esse era um procedimento da loja. Mas, para Carol, essa justificativa não fez sentido. “Nesse tempo que a gente ficou lá na saída, ninguém foi parado com as sacolas das Americanas exigindo nota fiscal, só a gente!”, garantiu.

HOJE EU PASSEI PELO MOMENTO MAIS HUMILHANTE DA MINHA VIDA NAS LOJAS AMERICANAS DE PLANALTINA !Racistas. Entrei na…

Posted by Carol Medeiros on Sunday, December 1, 2019

Após a repercussão do relato de Carol, a Lojas Americanas entrou em contato com a cliente e informou a ela que esse tipo de abordagem não estaria de acordo com as normas da empresa. “A ouvidora disse que vai fazer uma reunião com os funcionários envolvidos, que essa não é a política da loja”, relata.

A jovem explica que ainda está muito confusa e chateada pelo que aconteceu. Ela não sabe se processará a loja, mas registrou um B.O (Boletim de Ocorrência).

Procurada pelo BHAZ, a Lojas Americanas se limitou a informar que “já entrou em contato com a cliente”.

‘E se o racismo acabasse hoje, o que você faria?’

Carol diz ao BHAZ que esse é o primeiro caso concreto de racismo que sofreu. Por isso, quis denunciar a situação nas redes sociais. “Aconteceu comigo naquele dia, pode estar acontecendo agora com outra pessoa”. Mesmo assim, ela já encontrou a discriminação em sua vida de outras formas. “Entrar em algum lugar e ser observada diferente, isso acontece”.

As situações corriqueiras em que o racismo aparece foram tema de debate nas redes sociais nos últimos dias. O cientista social e jornalista Gilberto Porcidonio, do O Globo, publicou no Twitter a pergunta “Se o racismo acabasse hoje, o que você faria?”. As respostas revelam as diversas faces do preconceito vivido diariamente por milhares de brasileiros.

“Parava de andar na rua fingindo que estou mexendo no celular só pra mostrar que tenho e não preciso pegar o de ninguém”, respondeu um rapaz. “As pessoas não trocariam mais de calçada quando eu ando, nem mudariam de lugar no ônibus! Será que doeria menos viver?!”, compartilhou outra. Até mesmo o ator Ícaro Silva, da Globo, respondeu ao viral: “Me sentiria seguro vendo carro de polícia”.

Guilherme Gurgel[email protected]

Estudante de Jornalismo na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Escreve com foco nas editorias de Cidades e Variedades no BHAZ.

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