Regina Duarte questiona desnutrição dos Yanomamis e é detonada por artistas: ‘Cruel’

Regina Duarte e Yanomamis
Atriz ironizou situação grave de desnutrição da população (Antonio Cruz/Agência Brasil + FAB/Divulgação)

A atriz Regina Duarte foi duramente criticada nas redes sociais após uma publicação em que ironiza a desnutrição do povo Yanomami, em sua conta no Instagram. Artistas como Paulo Betti, Elisa Lucinda, Edu Krieger e Zé de Abreu deixaram comentários em repúdio à postagem.

“A infância desamparada dos Ianomamis, uma gente criada à base de mandioca, feijão, verduras e peixe”, escreveu Regina no post, com uma ilustração de uma criança sem camisa. O tom de questionamento à situação severa desnutrição com a qual a comunidade sofre gerou revolta.

O ator Paulo Betti deixou vários comentários na publicação, detonando a colega de profissão. “Regina sua atitude é inexplicável! Você é mãe, avó! Respeite a inteligência de quem lê suas postagens e te seguem! Respeite o povo Yanomami!”, escreveu.

Regina Duarte posta sobre Yanomamis
Publicação da atriz foi repudiada por milhares (Reprodução/Instagram)

A atriz e cantora Elisa Lucinda chamou a postagem de cruel e completou: “onde de será que foi morar a Regina amorosa que conhecíamos? Que postagem é essa?!”.

“Quando disse que vc não valia nada, me criticaram”, comentou Zé de Abreu. A publicação ainda conta com quase 10 mil outros comentários de repúdio.

Já no domingo (29), Regina Duarte fez outra postagem sobre os Yanomamis, divulgando uma informação falsa de que as pessoas que vêm sofrendo na região seriam, na verdade, venezuelanos que cruzaram a fronteira.

A situação dos Yanomamis

O Ministério da Saúde declarou, no dia 20 de janeiro, Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional para combate à desassistência sanitária dos povos que vivem no território, em Roraima.

Além da desnutrição, há muitos casos de malária, infecção respiratória aguda e outros problemas de saúde.

O problema, de acordo com as autoridades de saúde que atuam na região, vem do garimpo ilegal que domina o local.

“Como bem disse [o xamã e líder yanomami] Davi Kopenawa, a fome é a ponta de um iceberg, um terrível indicador, mas a causa [do problema] não é a fome, e sim o garimpo ilegal, que desestruturou as formas de vida, contaminando os rios e propiciando condições para o aumento dos casos de malária através de escavações onde a água se acumula”, explica a ministra da Saúde, Nísia Trindade.

Nessa segunda-feira (30), o presidente Lula (PT) assinou decreto para mobilizar forças federais em uma missão de desintrusão dos garimpeiros na região.

“Não é possível que alguém veja aquelas imagens, que tive a oportunidade de ver na semana passada, e não fazer nada”, afirmou.

O governo brasileiro também pretende apresentar à Organização Mundial da Saúde (OMS) uma resolução que garanta ação internacional em defesa da saúde dos povos indígenas. A proposta foi anunciada esta semana ao conselho executivo da entidade pelo secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Carlos Gadelha.

Ainda ontem, o Ministério Público Federal (MPF) também instaurou inquérito civil para apurar a responsabilidade do Estado brasileiro na crise humanitária.

O órgão vai avaliar se ações e omissões de gestores e políticos contribuíram para atual situação na Terra Indígena Yanomami, a dimensão real da crise, as causas e impactos socioambientais e o grau de envolvimento de cada agente público.

Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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