O jornalista da Rede Record de Televisão, Marc Sousa, foi impedido, no último sábado (28), de gravar uma matéria próximo ao acampamento pró-Lula, em Curitiba (PR), após o atentado a tiros que dois integrantes do movimento sofreram. O vídeo já foi assistido mais de 1,2 milhão de vezes e teve mais de 41 mil compartilhamentos. Os internautas viram as palavras dirigidas ao repórter pelo presidente do Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul, Milton Simas Júnior, como uma ameaça.
“É para preservar tua integridade”, fala o sindicalista, com isso, “aconselha” que o repórter fique perto de uma viatura da Polícia Militar se quiser “falar mal do acampamento”. Confira o diálogo:
Milton Júnior (Presidente do Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul): Se vocês falarem mal do acampamento, então tu vai pro lado de onde tá o carro da polícia, tá. Eu sou jornalista, sou teu colega, tô te avisando, que é pra preservar a tua integridade. O povo tá vindo tudo aí, então…
Marc Sousa (Repórter da Rede Record): Mas não pode gravar aqui?
Milton Júnior: Não seria recomendável, pra quem fala mal do movimento social. Ou tu fica lá do lado do carro da polícia. Tá? Eu tô te avisando pro teu bem.
Marc Sousa: Você não sabe nem o que eu tô falando.
Milton Júnior: Mas vocês falaram mal. Vocês são do SBT, não são?
Marc Sousa: Não, sou da RIC (afiliada da Rede Record no Paraná).
Milton Júnior: Da Ric Record. Mas é isso, eu acho que a imprensa tá toda junta no golpe, tá? Record, Band, tarara, tudo isso aí. Eu sou do Rio Grande do Sul, tá? Sou presidente do Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul, tô avisando pro teu bem.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul soltou uma nota sobre o episódio disse que no vídeo é possível ver “perfeitamente a intenção do sindicalista de proteger o profissional, exatamente como deve agir quem representa uma categoria”. Milton Júnior disse que não teve a intenção de impedir o trabalho do jornalista, somente garantir sua integridade física. “Com o clima tenso, era impossível saber se o repórter poderia ser ou não agredido”, conta.