Universitárias que debocharam de colega mais velha abandonam o curso de biomedicina

Alunas da Unisagrado
Vídeo despertou discussão sobre etarismo no país (Reprodução/Redes sociais)

As três estudantes que viralizaram ao debochar de uma colega de faculdade de 45 anos desistiram do curso de biomedicina na Unisagrado, em Bauru, São Paulo. A informação foi confirmada ao BHAZ pela própria universidade, nesta quinta-feira (16).

Em vídeo que circula das redes sociais, as universitárias aparecem ironizando a idade da colega Patrícia Linares. “Gente, quiz do dia, como desmatricula um colega de sala?” começou uma delas. “Ela tem 40 anos, era para estar aposentada”, declarou outra.

“Gente, 40 anos não pode mais fazer faculdade, essa é a minha opinião”, completou a primeira. “Acha que a professora é o Google”, adicionou a terceira estudante.

Desistência

A Unisagrado informou que as três estudantes solicitaram a desistência do curso de biomedicina, após um processo disciplinar ter sido aberto pela universidade para apurar a conduta das jovens.

Com o abandono do curso, o processo disciplinar perdeu o objeto e foi finalizado.

Nessa segunda-feira (13), uma das jovens disse ao g1 que o vídeo foi uma brincadeira de mau gosto, e que as alunas não esperavam toda a repercussão do caso, já que o registro foi publicado apenas para amigos próximos no Instagram.

“Nunca foi na intenção de dizer que pessoas de mais idade não podem adquirir uma graduação, pois não tenho esse pensamento. Foi uma fala imprudente e infeliz que tomou uma proporção que não imaginávamos”, afirmou.

Outra estudante também se pronunciou, por meio de nota emitida pelo seu advogado. Ela disse estar sendo “alvo de ameaças de morte e agressão” e afirmou que tomará “medidas jurídicas contra aqueles que ofendem, agridem, disseminam informações falsas, criam perfis falsos em redes sociais e ameaçam a integridade física, em momento oportuno”.

Repercussão

O caso despertou uma discussão sobre etarismo — o preconceito relacionado à idade de uma pessoa — em todo o país. Na terça-feira (14), os ministros dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida; e da Educação, Camilo Santana, divulgaram vídeos repudiando o ocorrido.

“O etarismo, assim como o sexismo, a LGBTfobia e o racismo, são ameaças à nossa democracia, pois alimentam os discursos de ódio, especialmente nas redes sociais, gerando diversos tipos de violência”, declarou Almeida.

“É lamentável que tenhamos que nos manifestar para defender um direito fundamental básico, que é o direito à Educação, cláusula pétrea da Constituição brasileira”, afirmou o ministro da Educação.

Edição: Roberth Costa
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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