Vítima de homofobia, adolescente de 15 anos é espancado em ônibus escolar da Bahia

Adolescente agredido no ônibus
Adolescente segue sendo ameaçado pelos sete agressores (Reprodução/Redes sociais)

Vídeos que circulam nas redes sociais mostram um grupo de sete jovens espancando um adolescente de 15 anos dentro de um ônibus escolar, na cidade de Camaçari, região metropolitana de Salvador, na Bahia. A mãe da vítima denuncia que o ataque foi motivado por homofobia.

De acordo com a doméstica Mara Santos, o caso aconteceu na última sexta-feira (25). O adolescente, que estuda no Colégio Estadual José de Freitas Mascarenhas, chegou a ser levado a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Camaçari, onde foi atendido e liberado.

Atenção! As imagens são fortes e podem servir de gatilho para pessoas sensíveis.

A Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social da Bahia (SJDHDS) confirma que o ataque foi motivado por homofobia, que é crime, e informa que acompanha o caso (leia mais abaixo).

Ao g1, Mara Santos contou que o filho estava sendo chamado de “viado” pelos jovens no ônibus. “Teve algumas hematomas na cabeça e agora o psicológico que preocupa, porque ele recebeu tanta porrada, que fica revoltado”, relatou.

“Na última semana ele me contou que brigou com um menino no ônibus e que cada um deu um murro. Dessa forma nunca tinha acontecido, vejo meu filho apanhando dessa forma no vídeo”, completou a mãe da vítima nessa terça-feira (1°).

Jovem segue sendo ameaçado

Já nesta quarta-feira (2), em entrevista à TV Bahia, Mara Santos disse que o filho está sofrendo com muita dor de cabeça e será encaminhado ao Hospital Geral de Camaçari para fazer uma tomografia. Segundo ela, a secretária de Educação da Bahia e a diretora da escola vão acompanhá-los ao centro de saúde.

“É triste, porque ninguém tem o direito de fazer esse ato. Isso é um crime, é uma tentativa de homicídio. Uma covardia”, desabafou a mãe, que ainda contou que o adolescente segue sendo ameaçado pelos sete agressores.

“O mais triste é que esses adolescentes estão ameaçando meu filho pelo Instagram. A gente ainda não prestou queixa, mas vamos fazer isso. Não é a primeira vez. As autoridades precisam tomar providências, porque isso não pode acontecer”, disse a doméstica.

Ainda segundo relato da mãe da vítima, o filho foi socorrido pela mãe de uma colega, que também acabou sendo atingida: “Uma das mães de outra aluna, que foi atingida por um soco, pegou ele, colocou dentro da casa dela, e me ligou para eu ir buscar, porque os garotos ameaçavam dizendo que iam matar”.

Mara ainda disse que não sabia que o jovem era vítima de homofobia na escola. “Ele relatou que sofre bullying e não é de agora. Se eu soubesse [da homofobia], já tinha tomado uma providência. Acho que ele não falou por medo. Estou muito triste”, lamentou.

Secretaria de Justiça acompanha

Por meio de nota, a SJDHDS lamentou o ocorrido e informou que acompanha o caso, junto à Secretaria de Educação (SEC) e à diretoria do Colégio Estadual José de Freitas Mascarenhas, onde a vítima estuda.

Por meio do Centro de Promoção e Defesa dos Direitos LGBT da Bahia, a secretaria também colocou a equipe jurídica e psicossocial à disposição do adolescente e de sua família para acompanhar e orientar em relação ao caso e às providências cabíveis.

“Além de promover políticas públicas e a garantia de direitos, a SJDHDS reforça que é dever de toda a sociedade e das famílias garantirem um ambiente acolhedor para os jovens. A violência registrada no vídeo é sintoma do ódio que tem crescido no Brasil nos últimos anos e, mais gravemente, tem tirado vidas de jovens e adultos LGBTQIA+ em todo o país”, diz a nota.

É crime

Vale reforçar que homofobia e transfobia são crimes previstos por lei. Eles entram na lei do racismo, já existente há 30 anos e, com isso, as punições são semelhantes. O STF (Supremo Tribunal Federal) criminalizou a homofobia em junho de 2019.

Veja o que é considerado crime:

  • “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito” em razão da orientação sexual da pessoa poderá ser considerado crime;
  • a pena será de um a três anos, além de multa;
  • se houver divulgação ampla de ato homofóbico em meios de comunicação, como publicação em rede social, a pena será de dois a cinco anos, além de multa;
  • a aplicação da pena de racismo valerá até o Congresso Nacional aprovar uma lei sobre o tema.
Edição: Giovanna Fávero
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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