Artistas de BH enviam carta para Kalil pedindo plano emergencial para a cultura

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151 artistas, agentes culturais, coletivos, eventos e empresas assinaram a carta ao prefeito (@grupo_corpo + @ladafavelinha/Instagram/Reprodução)

Em meio às medidas de isolamento social e ao fechamento de estabelecimentos devido à pandemia do novo coronavírus, não é só o comércio de Belo Horizonte que é prejudicado. Artistas da capital se uniram a vereadores para enviar uma carta ao prefeito Alexandre Kalil (PSD), pedindo medidas para a diminuição do impacto ao setor.

A carta, enviada nesta sexta-feira (17), foi assinada por artistas como Lô Borges, Helvécio Ratton e Flávio Renegado, e coletivos como o Grupo Corpo, Grupo Galpão e Lá Da Favelinha. O documento elogia as medidas tomadas pelo prefeito no combate à Covid-19, mas pede que a gestão também olhe para os impactos na cultura e acione um plano emergencial.

“[O cancelamento de eventos trouxe] graves consequências para o setor da Economia da Cultura – responsável por mais de 2,6% do PIB Brasileiro e que emprega 5% da mão de obra do país. Essa restrição impactou imediatamente a geração de emprego e de renda para milhares de profissionais da produção artística e cultural da cidade, trazendo danos que podem ser irreparáveis”, diz um trecho do documento.

A carta afirma que artistas e agentes culturais têm se colocado à disposição de gestores públicos para ajudar na busca de alternativas para diminuir os impactos no setor. Para que elas sejam colocadas em prática, entretanto, eles pedem a volta de serviços administrativos paralisados pela Secretaria de Cultura.

“Inscrições em editais já lançados, análises de readequações e prestações de contas de projetos em curso e lançamento de editais previstos, principalmente, os do Fundo Municipal de Cultura – todos plenamente exequíveis por teletrabalho via internet”, exemplifica o texto.

‘Arte está em tudo’

Os artistas reivindicam da prefeitura e da Secretaria Municipal de Cultura um plano de ações emergenciais voltadas para o segmento. José Oliveira Júnior, pesquisador da área de políticas culturais, explica que o problema da cultura não é exclusivo aos artistas que dependem de shows.

“A situação dos artistas é mais delicada que isso. A maior parte que é financiada por fundos do governo mexe com literatura, educação, artes plásticas, visuais. Como os recursos são poucos, não dá nem para pagar por shows”, explica.

Ele defende que a população e os agentes públicos reconheçam o valor do cenário artístico de Belo Horizonte e explica que o problema não é de hoje e a desvalorização já existia antes da pandemia. Para ele, “a crise agora é aguda, e só deixa mais grave a situação do artista, que é crônica”.

“O incentivo à cultura tem que existir porque a arte está em absolutamente tudo que a gente tem. Duvido que alguém não goste de música, que nunca tenha se emocionado com um livro. Nada disso brota do nada, existe um trabalho profissional por trás que deve ser incentivado”, completa o pesquisador, membro do Observatório da Diversidade Cultural.

Ele ressalta que os artistas que têm uma estrutura maior, fazem transmissões ao vivo bem produzidas e são mais conhecidos são exceção. “Eles estão em outro patamar. O artista comum, que precisa do financiamento, está sem seu ganha-pão”, finaliza.

Quem assinou

Além dos vereadores Arnaldo Godoy (PT), Bella Gonçalves (PSOL), Cida Falabella (PSOL), Edmar Branco (PSB), Gabriel Azevedo (PATRIOTA), Gilson Reis (PCdoB) e Pedro Patrus (PT), estes são os 151 artistas, agentes culturais, coletivos, eventos e empresas que assinaram a carta ao prefeito:

Artistas reivindicam plano emergencial para setor cultural de Belo Horizonte (Reprodução)
Artistas reivindicam plano emergencial para setor cultural de Belo Horizonte (Reprodução)
Artistas reivindicam plano emergencial para setor cultural de Belo Horizonte (Reprodução)
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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