Uma família que já teve a casa destruída durante as chuvas que assolaram BH no início deste ano vive, agora, outro drama. Composto por 11 pessoas, o grupo familiar formado por casal, filhos e netos convive com o medo do coronavírus – a mulher é do grupo de risco – e se desdobra para viver em um espaço com um quarto e uma cozinha. A prefeitura, por sua vez, afirma que vai retirar a família do local (leia mais abaixo).
Beatriz Cecília Miranda dos Reis, de 42 anos, foi encaminhada com o marido e as outras nove pessoas ao abrigo Granja de Freitas, na região Leste da capital mineira. Segundo a própria, estava “dando para levar”, mas, com o coronavírus, o cenário ficou praticamente insuportável.
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“A situação é difícil demais. Estamos todos amontoados aqui. Tenho neto de 7 meses e estamos em condições precárias. O corona já deve ter circulado entre nós”, relata em entrevista ao BHAZ.
Grupo de risco
O receio da família aumenta, já que Beatriz faz parte do grupo de risco. “Eu corro o risco de passar a doença pra todo mundo. Sou hipertensa, tenho depressão e faço uso de 10 tipos de remédios controlados”, detalha.
A moradora alegou que tentou solicitar junto a Urbel (Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte) a mudança para uma casa maior. O imóvel fica no mesmo complexo e está desocupado.
“A gente é tratado por eles igual cachorro. A mulher da Urbel virou pra mim e disse que o lugar que moramos ‘está bom até demais’. Acredito só em Deus e na imprensa pra me ajudar”, lamentou.
A situação enfrentada por Beatriz é confirmada por outra moradora do abrigo. “A situação dela é muito complicada, eles precisam de um lugar maior. Casa desocupada tem, mas eles não transferem ela”, conta a moça, sob sigilo.
O que diz a Urbel
Procurada pelo BHAZ, a Urbel informou que a família de Beatriz terá direito ao abono pecuniário (auxílio aluguel) no valor mensal de R$ 500, pois foi atingida pelas chuvas de janeiro.
“Estamos em frente intensa para tirar todas as famílias [atingidas pelas chuvas], sem exceção, do abrigo. Elas vão ter acesso ao abono pecuniário, de R$ 500, e com o valor podem alugar moradia”, informou a assessoria.
Ainda segundo a companhia, Beatriz já apresentou a documentação necessária para conseguir o benefício e que falta apenas ela indicar o imóvel desejado para a mudança acontecer.
“A família pediu, via Urbel, para serem disponibilizados dois abonos, mas não tem como, pois eles moravam em uma moradia”, explica.
Risco
Enquanto Beatriz permanece no abrigo, o infectologista Estevão Urbano, presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, dá algumas dicas.
“O mais adequado seria eles irem para um espaço maior. Algumas orientações podem ser seguidas, já que a família permanece no local, como manter o espaço bem ventilado e higienizado, além de evitar sair de casa”, explica.
O médico alerta que, caso algum morador apresente sintomas do Covid-19, é preciso usar máscara e evitar contato com os demais membros.
Nota da Urbel (houve complemento enviado por aúdio)
“Informamos que todas as equipes da Urbel estão mobilizadas para retirar as famílias desabrigadas pelas chuvas que se encontram no Abrigo Granja de Freitas. Estranhamos essa situação, pois todas as famílias serão retiradas.”