BH pode ter pico de Covid-19 em maio; especialista da PBH compara cenário com Milão

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Pico do novo coronavírus pode ocorrer em maio (Amanda Dias/BHAZ)

O pico do novo coronavírus em Belo Horizonte pode ocorrer entre os dias 5 e 21 de maio, quando a cidade poderá ter um aumento no número de casos e vítimas da doença. Atualmente, BH está com 80% dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ocupados. Um relaxamento nas medidas de isolamento adotadas pela prefeitura poderia provocar uma piora no quadro da capital que, de acordo com especialista, atravessa o momento mais delicado da epidemia.

“Estamos em um momento de muita atenção em BH”, afirma o médico infectologista Carlos Starling, que faz parte do Comitê de Enfrentamento à Pandemia do Covid-19 montado pela PBH (Prefeitura de Belo Horizonte). “O risco de acontecer o que aconteceu em Milão é muito grande”, diz o infectologista em referência a cidade italiana que afrouxou as medidas de isolamento e acabou registrando mais de 5,4 mil mortes.

“Isso aconteceu lá, não queremos que aconteça aqui. As pessoas relaxaram um pouco, porque está dando tudo certo e está funcionando, e acham que podem voltar à vida normal. Não podem. O vírus está circulando ainda e isso pode implicar no aumento abrupto no número de casos”, acrescenta.

O especialista ainda ressalta que as medidas rigorosas adotadas na capital, como fechamento do comércio, praças e espaços públicos têm mostrado efeito positivo. No entanto, o momento ainda requer atenção.

“Já percebemos claramente um achatamento dessa curva, entretanto a epidemia continua. Estamos lidando com um problema de crescimento exponencial. Então, se hoje está tudo bem, daqui a 72 horas pode não estar. Isso é de uma gravidade muito grande. Nós temos contato com cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, que estão em epidemia com evolução rápida. Então temos também casos importados que podem gerar o crescimento rápido dessa epidemia aqui em BH. Portanto, não dá para cochilar, senão teremos problema grave e não podemos correr esse risco”, afirma Starling.

O infectologista acredita que as medidas, mesmo com pessoas que ainda ignoram a gravidade da epidemia, já evitaram mortes e internações.

“Estamos na Semana Santa e não estamos falando em mortalidade, estamos falando de gente salva. Estimamos que, ao longo deste período, mais de duas mil internações e mais de 60 óbitos foram evitados”, diz. “Queremos chegar no final dessa epidemia com o mínimo possível, mas para isso temos que ter muita disciplina e muito vigor”, acrescenta.

As informações sobre o combate a epidemia na capital foram repassadas durante coletiva realizada na sede da PBH, na tarde desta quinta-feira (9). De acordo com o secretário municipal de Saúde, Jackson Machado Pinto, que também participou da reunião, BH tem, atualmente 10,1 mil leitos hospitalares, sendo que cerca de seis mil pertencem ao SUS (Sistema Único de Saúde). São 570 UTIs e 136 ainda em expansão.

Segundo Jackson, BH tem 21 pacientes da Covid-19 em UTIs e outros 126 aguardando internação em enfermaria. “Se vier pico grande ou se a gente acabar com o isolamento agora, vamos ocupar todos os leitos de UTI e vamos precisar de mais dois mil. E, aí, vai morrer muita gente”, diz o secretário.

BH parada

O prefeito Alexandre Kalil (PSD) anunciou nessa quarta-feira (8) que todas as lojas não essenciais serão totalmente fechadas em Belo Horizonte. A medida faz parte das ações de prevenção da PBH (Prefeitura de Belo Horizonte) para conter o avanço do novo coronavírus.

O decreto não afeta o funcionamento de supermercados, farmácias, laboratórios, clínicas, hospitais e demais serviços considerados essenciais durante o período de enfrentamento à epidemia.

Por meio de anúncio em sua página no Twitter, o prefeito disse que a medida virá por meio de decreto e deve passar a valer a partir desta quinta-feira (9). “É muito sério. Todos os estabelecimentos não essenciais estarão fechados por decreto amanhã. Quem não está entre os serviços essenciais não deve ir trabalhar”, escreveu Kalil.

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Aprovação

Segundo estudo recente realizado pela CDL-BH (Câmara de Dirigentes Lojistas), apenas 1% dos moradores da capital é favorável à interrupção das medidas de quarentena e volta do comércio.

+ Apenas 1% dos belo-horizontinos defende o fim do isolamento social e 31% temem desemprego

As medidas de Kalil têm uma avaliação positiva de 69% entre os moradores de BH, enquanto 22% as consideram regular, 7% as reprovam, e outros 2% não souberam responder.

O estudo ouviu 600 pessoas com idades entre 16 e 80 anos, entre os dias 28 e 31 de março. A margem de erro da pesquisa é de 4,2 pontos percentuais e a confiança é de 95%.

Coronavírus em Minas

Dos 655 casos da doença em Minas, 304 estão em BH. Segundo a SES-MG (Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais), das 15 mortes provocadas pela Covid-19, seis ocorreram na capital. Até o momento, são 56,8 mil casos suspeitos em todo o Estado e 117 mortes em investigação.

Rafael D'Oliveira[email protected]

Repórter do BHAZ desde janeiro de 2017. Formado em Jornalismo e com mais de cinco anos de experiência em coberturas políticas, econômicas e da editoria de Cidades. Pós-graduando em Poder Legislativo e Políticas Públicas na Escola Legislativa.

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