Match Point, Play Games, Monkey, Mamute, Vulcano… Dificilmente algum belo-horizontino entre 25 e 35 anos não escutará essas palavras com alguma nostalgia: são nomes de extintas ‘lan houses’ que fizeram sucesso na capital mineira no início da década de 2000. Anos depois, uma iniciativa de adolescentes promete ressuscitar a paixão adormecida de marmanjos fisgados pelo game Counter Strike, o popular CS.
Provavelmente após mais de um década sem disputas presenciais, Belo Horizonte volta a receber campeonatos in loco do jogo, que foram engolidos pela facilidade de aquisição de internet e computadores de alto nível. O próximo torneio já tem data e local definidos: será realizado no dia 21 deste mês no TDZ Games, na Savassi, região emblemática para os gamers da cidade.
“Percebemos que não existe mais um local onde as pessoas podem jogar juntas. Existe em BH muito apaixonado por games, mas não tem mais lan house. Então resolvemos voltar a movimentar o cenário, facilitando inclusive pra quem quer ter um time, mas não conhece outros jogadores”, explica ao Bhaz o estudante Vítor Dornas, de 16 anos, um dos responsáveis pela PlayOff Startup.
O que Vítor nem deve imaginar é que marmanjos com o dobro da idade dele vibraram com a iniciativa. É o caso, por exemplo, do consultor de projetos da ONU (Organizações das Nações Unidas), João Hernani Vasconcelos, de 30 anos. Capitão de um time – ou clan, como é normalmente chamado – que foi o melhor de Minas Gerais no início da década passada, João poderá reviver o clima de competição.
“Muita nostalgia! Voltar a ver as pessoas com quem você normalmente só joga online é maravilhoso. Poder ver o pessoal comemorando, lamentando é muito bacana. Estava com saudade”, diz jokinha – como é o nick (apelido) do consultor no CS. “O engraçado é que eu comecei a jogar com 14, 15 anos, praticamente a mesma idade que os organizadores e alguns dos participantes têm”, brinca.
Campeonato
A disputa será realizada das 9h às 19h do dia 21. Serão seis times, com cinco participantes em cada, divididos em dois grupos. Todos os integrantes do grupo se enfrentam e os dois melhores se classificam para as semifinais. Até a final, todos os confrontos serão disputados em MD1 – melhor de um mapa.
Para quem conhece a versão atual do game, o CS:GO (Counter Strike: Global Offensive), está habituado com os mapas oficiais: Dust2, Cache, Mirage, Train, Nuke, Overpass e Cobblestone. Cada equipe poderá vetar três mapas, de forma alternada, até que seja escolhido o cenário da disputa.
Ficou com saudade ou quer, enfim, jogar um campeonato de CS presencial? É só garantir a inscrição no Sympla. As inscrições estão abertas até o dia 18. Se você joga CS:GO, mas ainda não tem um time, não tem problema. A PlayOff criou um sistema para aproximar os player de BH e região metropolitana. É só se cadastrar aqui.
Além dos cinco participantes, o time terá direito a cinco convidados. Durante todo o período de disputa, os presentes poderão se divertir com HTC Vive, considerado os melhores óculos de realidade virtual (VR) da atualidade.
Renascimento
Após ter o ápice no início da década de 2000, o CS ficou próximo de passar a ser um game periférico. Uma das versões – Source – fracassou e o jogo começou a perder popularidade para tantos outros, como os sucessos Dota, League of Legends e outros. No entanto, a Valve acertou a mão ao lançar, em 2012, o CS:GO.
Em 2016, o game chegou ao momento mais promissor, com campeonatos distribuindo mais de 1 milhão de dólares. Os brasileiros do SK Gaming lideraram o ranking mundial em boa parte do ano passado, o que ajudou a popularizar novamente o game.
Projeto promissor
A PlayOff nasceu no Sebrae, onde Vítor estuda. Além do adolescente, outros três integram a iniciativa, que já tem planos de expansão. “Estamos com 10 campeonatos programados, entre Overwatch, Fifa e League of Legends. Ainda temos dificuldades para encontrar espaço e de investimento. Planejamos fazer parcerias com espaços de arte e design para usar a área e, em contrapartida, atrair jovens”, planeja.
