Um homem se envolveu em uma confusão com a torcida do Flamengo, durante o jogo contra o Atlético nesse domingo (20). Um vídeo mostra o momento em que ele atravessa o gramado, aparentemente imitando um macaco. Segundo torcedores, ele também teria chamado alguns torcedores de “macacos”, em um ataque racista.
Mais uma vez: ATO DE RACISMO de um funcionário não identificado do atlético, no jogo da Supercopa entre Flamengo e Galo em Cuiabá. Por favor, deem RT. Isso não pode passar despercebido. pic.twitter.com/RwPph0mDkj
— Renatinha do Mengão (@renatarondeli) February 21, 2022
Nas redes sociais, o vídeo foi divulgado com a informação de que o homem seria funcionário do Atlético, mas o clube nega. Ainda assim, muitos nas redes sociais apontam o racismo no gesto do homem não identificado. “As reações são sempre as mesmas: relativizam, passam pano ou publicam notinha de repúdio”, comentou o comediante Antonio Tabet, pelo Twitter.
Para alguns internautas, o homem estava imitando a comemoração do jogador Hulk, que flexiona os braços, em referência à força do personagem da Marvel de mesmo nome. No entanto, relatos de pessoas no local afirmam que ele também teria dito a expressão “macaco”, reforçando a tese de que se tratou de uma ofensa racista.
Esse é o relato da Alessandra, que presenciou de perto esse crime, e confirma ter ouvido os xingamentos racistas vindo desse funcionário do @Atletico pic.twitter.com/R2CnNUDTKP
— Renatinha do Mengão (@renatarondeli) February 21, 2022
Atlético nega vínculo
Apesar de algumas pessoas dizerem que o homem faz parte da equipe do Atlético, a assessoria do time nega. “Ele não é funcionário nosso. Não sabemos como ele entrou no gramado, sem credenciamento. Tão logo percebemos a presença dele, encaminhamos para a segurança do estádio retirá-lo”, informou em nota enviada ao BHAZ.
O BHAZ também tentou contato com a assessoria do Flamengo, mas não obteve resposta. Se o clube se pronunciar, a matéria será atualizada.
Versões conflitantes
Segundo o site Olhar Direto, o homem foi abordado pela Polícia Militar no local e liberado. Ele teria dito aos militares que estava apenas fazendo o gesto de comemoração do jogador Hulk.
No entanto, um segurança do estádio, ouvido por um repórter do site, alega que o homem fez ofensas racistas. “Chamou de macaco fedorento, que eu ouvi. Aí, o pessoal também não colaborou. Muitos não gostaram. Houve a reclamação da parte da torcida. Ele fez, sinal, gesto, muitos gravaram do celular”, disse ao Olhar Direto.
NA ARENA PANTANAL
— olhardireto (@olhardireto) February 21, 2022
Homem é acusado de racismo contra torcedores do Flamengo: “macaco fedorento” https://t.co/npyuOrdAhA#olhardireto pic.twitter.com/N2clm890s1
Racismo é crime
De acordo com o CNJ (Conselho Nacional de Justiça), é classificada como crime de racismo – previsto na Lei n. 7.716/1989 – toda conduta discriminatória contra “um grupo ou coletividade indeterminada de indivíduos, discriminando toda a integralidade de uma raça”.
A lei enquadra uma série de situações como crime de racismo. Por exemplo: recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial, impedir o acesso às entradas sociais em edifícios públicos ou residenciais, negar ou obstar emprego em empresa privada, além de induzir e incitar discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. O crime de racismo é inafiançável e imprescritível, conforme determina o artigo 5º da Constituição Federal.
Já a discriminação que não se dirige ao coletivo, mas a uma pessoa específica, também é crime. Trata-se de injúria racial, crime associado ao uso de palavras depreciativas referentes à raça ou cor com a intenção de ofender a honra da vítima – é o caso dos diversos episódios registrados no futebol, por exemplo, quando jogadores negros são chamados de “macacos” e outros termos ofensivos.
Quem comete injúria racial pode pegar pena de reclusão de um a três anos e multa, além da pena correspondente à violência, para quem cometê-la. Em outubro de 2021, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu que o crime de injúria racial também deve ser declarado imprescritível e inafiançável, assim como o crime de racismo.
Canais de denúncia
- Delegacia Especializada em Repressão aos crimes de Racismo, Xenofobia, Homofobia e Intolerâncias Correlatas – DECRIN
Telefone: (31) 3335-0452
Endereço: Avenida Augusto de Lima, 1942 – Barro Preto
Horário de Funcionamento: Segunda à Sexta, de 12h às 19h
- Ministério Público – Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos Humanos, Igualdade Racial, Apoio Comunitário e Fiscalização da Atividade Policial
Telefone: (31) 3295-2009
Endereço: Rua dos Timbiras, 2928 5º andar Barro Preto – Belo Horizonte – MG
Horário de Funcionamento: Segunda à Sexta, de 13h às 18h
E-mail: [email protected]
- Disque 100 – Disque Direitos Humanos
Horário de funcionamento: diariamente de 8h às 22h
Cidadão brasileiro fora do Brasil, pode discar: +55 61 3212-8400.
E-mail para denúncias: [email protected]
- Disque 190 – Policia Militar
O 190 é destinado ao atendimento da população nas situações de urgências policiais. Atendimento 24 horas por dia, todos os dias da semana.
- Disque 181 – Denúncia Anônima
Serviço destinado ao recebimento de informações dos cidadãos e cidadãs sobre crimes de que tenham conhecimento e possam auxiliar o trabalho policial.
No Disque Denúncia 181 a identidade do denunciante e denunciado é preservada.
Atendimento 24 horas por dia, todos os dias da semana.