Em um ato histórico nas arquibancadas da Arena Castelão, a torcida do Fortaleza exibiu dois mosaicos contra o racismo no jogo de quinta-feira (5) contra o River Plate, pela Libertadores. As frases formadas pelos cartazes coloridos dispostos no estádio diziam “Juntos na luta” e “Stop racism” (“pare o racismo”). Durante a manifestação contra o preconceito, milhares de torcedores também ergueram o punho (foto abaixo).
A ação da torcida do Leão do Pici representou uma resposta ao ato racista de um torcedor argentino durante o jogo entre os clubes ocorrido na Argentina, em abril. Na época, ele descascou e jogou uma banana em direção à torcida brasileira, com o apoio de outros argentinos ao redor (relembre aqui).
‘Juntos na luta’
O momento foi um dos assuntos mais comentados nas redes sociais, e talvez tenha sido mais marcante do que o resultado do jogo. Afinal, o empate em 1 a 1 foi amargo para o Fortaleza, que está em situação delicada no grupo F da competição, com apenas 4 pontos e uma vitória. A dois jogos do fim da fase de grupos, o River ocupa a primeira posição, com 10 pontos, enquanto o Colo-Colo é o segundo colocado, com 7.
Uma das postagens do Fortaleza sobre a ação da torcida somou mais de 44 mil curtidas e seis mil compartilhamentos no Twitter. Confira os mosaicos nas fotos abaixo.
Luvas
O goleiro Max Walef, do Fortaleza, entrou em campo utilizando luvas que continham frases simbólicas na luta contra o racismo, escritas em inglês. Palavras como “respeito”, “direitos”, “verdade” e “justiça” foram estampadas no objeto de proteção do arqueiro do tricolor. Veja abaixo:
Emoção
Nas redes sociais, os torcedores de diversos times exaltaram a atitude do público. Antes do jogo, a torcida também cantou o hino nacional brasileiro à capela, o que também emocionou os espectadores (vídeo abaixo). “Arrepiou e não foi pouco”, escreveu uma página. “O que faz a torcida do Fortaleza é sensacional”, postou um usuário. Confira alguns comentários:
Relembre o caso
Durante o jogo da Libertadores entre River Plate e Fortaleza, no último dia 13 de abril em Buenos Aires, um torcedor do River foi gravado mostrando e jogando uma banana para a torcida tricolor, com o apoio de outros argentinos ao redor. A Conmebol multou o time com a punição mínima estabelecida pelo Código de Disciplina da entidade, US$ 30 mil (cerca de R$ 150 mil). O torcedor foi suspenso pelo River.
Presidente da CBF propõe perda de pontos
A CBF enviará hoje (6) à Conmebol um ofício no qual pede penas mais severas em casos de racismo. Entre as sugestões, está a possível perda de “pelo menos um ponto” dos clubes com torcedores que tiverem atitudes racistas na Libertadores e na Sul-Americana.
“Não se combate a discriminação apenas aumentando a multa. Tem que ser de forma mais dura. O clube precisa sofrer uma punição esportiva. Quero que o time do torcedor identificado cometendo um ato racista perca pelo menos um ponto na tabela do campeonato. Só assim acredito que vamos pacificar os estádios”, afirmou Ednaldo Rodrigues, que é o primeiro presidente negro da CBF em mais de 100 anos.
“Com a punição esportiva ao clube, conseguimos envolver o torcedor nesta luta antitracista. O torcedor seria um fiscal contra o preconceito na arquibancada”, defendeu Rodrigues, que também pretende sugerir esse tipo de pena nas competições organizadas pela CBF. Na semana passada, ele anunciou um seminário que irá debater o preconceito no futebol, a ser feito em junho.
Conmebol
Há uma semana, após os múltiplos casos de racismo contra torcedores brasileiros na Libertadores, a Conmebol emitiu um comunicado oficial de repúdio aos atos discriminatórios, projetando consequências maiores. “A Conmebol vai promover mudanças nos regulamentos para aumentar e endurecer as punições”, diz trecho da nota.
Nas redes sociais, os torcedores criticaram a entidade, pedindo mais ações imediatas e efetivas – e menos notas de repúdio. (relembre aqui).
