Patinadora Valieva fica em 4º nas Olimpíadas, técnica cobra duramente e cena divide opiniões

valieva chora
Kamila Valieva chora com a técnica Eteri Tutberidze durante as Olimpíadas de Inverno (Reprodução/Redes Sociais)

Logo depois de finalizar a apresentação de patinação artística e ficar de fora do pódio nas Olimpíadas de Inverno, a patinadora russa Kamila Valieva, de apenas 15 anos, foi cobrada fortemente por sua técnica, Eteri Tutberidze. Milhares de espectadores ficaram chocados com a cena envolvendo a atleta que se encontra no centro de uma investigação por doping. Favorita à medalha de ouro, ela caiu duas vezes durante a performance e ficou em 4º lugar.

A repreensão de Eteri contra Valieva foi flagrada pelas câmeras do evento. “Por que você deixou para lá? Explica para mim, por quê? Por que parou de lutar? Você deixou para lá depois daquele axel (movimento). Por quê?”, questionou a técnica em meio aos choros da atleta.

‘Fiquei muito perturbado’

Thomas Bach, presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), criticou o comportamento da treinadora. “Fiquei muito perturbado ontem quando assisti à competição na televisão. Eu vi o quão alta deve ter sido a pressão sobre ela. Essa pressão está além da minha imaginação”, constatou.

Ainda segundo Bach, diante da situação delicada, Valieva corre o risco de abandonar a carreira. “Em particular para uma menina de 15 anos, vê-la lutando no gelo, vendo como ela tenta se recompor novamente e terminar seu programa. Você podia ver na linguagem corporal, isso foi um imenso estresse mental. Talvez ela preferisse deixar o gelo e deixar a história para trás”.

‘Tremenda frieza’

A abordagem adotada pela comissão técnica russa com Valieva também foi rejeitada pelo presidente do COI. “Parecia ser uma tremenda frieza, foi arrepiante ver isso. Em vez de tentar ajudá-la, você podia sentir essa atmosfera arrepiante, essa distância. Tudo isso não me dá muita confiança na comitiva de Kamila em relação ao passado nem em relação ao futuro. Como lidar, como tratar atletas menores de 15 anos sob tanto estresse mental”, preocupou-se.

“Só posso desejar para Kamila Valieva que ela tenha o apoio de sua família, de amigos, de pessoas que a ajudem nessa situação extremamente difícil”, concluiu Thomas Bach.

Comitiva russa, incluindo a técnica Eteri, ao lado de Valieva nas Olimpíadas (Reprodução/Instagram/@tutberidze.eteri)

Rússia reprova

Em contrapartida, os russos discordaram das críticas feitas pelo presidente do COI. Foi o que comunicou Dmitry Chernyshenko, vice-primeiro-ministro do país e chefe-executivo dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2014 em Sochi. Ele classificou a fala de Thomas Bach como “ficcional”.

“Estamos profundamente desapontados ao ver um presidente do COI tecer sua própria narrativa ficcional sobre os sentimentos de nossos atletas e depois apresentá-los publicamente como a voz do COI. Isso é francamente inadequado e errado”, criticou.

Segundo ele, a pressão é positiva para os esportistas. “Cada atleta carrega as esperanças e sonhos de toda a sua nação para o seu sucesso. Essa é uma pressão conhecida, e também é o que os impulsiona para a frente, com espírito de luta. Ganhando ou perdendo, sabemos que nossos atletas são campeões mundiais, e eles também” rebateu Chernyshenko.

O pódio

Em 4º lugar, Kamila Valieva não fez parte do pódio na patinação. A também russa Anna Shcherbakova foi a campeã olímpica (255.95). Alexandra Trusova, da mesma comitiva, ficou com a prata (251.73) e também chorou com o resultado. O bronze foi entregue à japonesa Kaori Sakamoto (233.13).

‘Problemático e absurdo’

A cena protagonizada pela técnica Eteri Tutberidze repercutiu nas redes sociais. Milhares de fãs do esporte e jornalistas se indignaram com o acontecido. “Sabemos que o método de treinamento é bem questionável, apesar de render medalhas. Vemos só a ponta desse iceberg”, criticou uma usuária. “Alguém cuida dessa criança russa”, suplicou outra. Confira alguns comentários:

Relembre o caso

No último dia 9, dois dias depois da equipe do Comitê Olímpico Russo conquistar o ouro na patinação artística de mulheres com a participação de Valieva, os jornais RBC e Kommersant publicaram que a jovem Kamila Valieva teria sido pega no exame antidoping.

O produto que a fez testar positivo tinha a substância trimetazidina, um remédio para angina com a função dilatadora. Ou seja, provoca relaxamento e alargamento nos músculos internos dos vasos sanguíneos, o que melhora o fluxo de sangue. No mesmo dia, o COI adiou a cerimônia de entrega de medalha na patinação artística feminina.

Dois dias após a notícia do doping de Valieva, a Agência Internacional de Testagem confirmou a informação. Em 25 de dezembro, Valieva foi testada no campeonato nacional de seu país, mas o resultado positivo para a trimetazidina não foi divulgado até o dia 8 de fevereiro – data da contraprova, também positiva, e um dia após a conquista do ouro por equipes.

Valieva associou seu teste positivo para doping a um engano relacionado a um remédio para o coração de seu avô. A justificativa foi informada na última terça-feira (15) por Denis Oswald, membro do Conselho Executivo do COI (Comitê Olímpico Internacional). As informações foram divulgadas pela Reuters

Edição: Roberth Costa
Beatriz Kalil Othero[email protected]

Jornalista formada pela UFMG, escreve para o BHAZ desde 2020, e atualmente, é redatora e fotógrafa do Portal. Participou de reportagens premiadas pela CDL/BH em 2021 e 2022, e pela Rede de Rádios Universitárias do Brasil em 2020.

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