A patinadora artística russa Kamila Valieva, de apenas 15 anos de idade, associou seu teste positivo para doping a um engano relacionado a um remédio para o coração de seu avô. A justificativa foi informada hoje (15) por Denis Oswald, advogado que participou da investigação do escândalo de doping nos Jogos de Sochi 2014. Ele também é membro do Conselho Executivo do COI (Comitê Olímpico Internacional).
As informações foram divulgadas pela Reuters. Mesmo com o resultado positivo, a jovem atleta foi liberada para participar no evento individual feminino e está classificada para a final.
Argumento de Valieva
Segundo Denis Oswald, presidente permanente da comissão disciplinar do Comitê Olímpico Internacional, Valieva apresentou que houve um engano com a medicação, durante uma audiência da CAS (Corte Arbitral do Esporte). “O argumento dela foi que essa contaminação aconteceu com um produto que seu avô estava tomando”, afirmou Denis Oswald.
Após o consenso do grupo de 3 juízes acerca da suspensão da punição decidida pela Agência Antidoping Russa, a atleta russa foi liberada pela Corte para competir no evento individual feminino. Porém, a CAS não abordou os méritos de seu caso de doping. Assim, é aguardada uma audiência da agência russa.
Disputa
Essa é a maior polêmica das Olimpíadas de Inverno até o momento. A defesa da jovem de 15 anos foi divulgada poucos dias antes da disputa invidual dos melhores patinadores artísticos do mundo. Hoje (15), a patinadora apresentou uma execução praticamente perfeita no programa curto e pulou para a liderança da classificação para a disputa do programa longo.
Após a performance ao som da música “In Memoriam”, de Kirill Richter, Valieva saiu da pista chorando de emoção e foi bastante aplaudida pela plateia presente no ginásio. Ela recebeu a nota 82,16 – a maior entre as atletas que disputaram a classificação.
Entenda o caso
No último dia 9, dois dias depois da equipe do Comitê Olímpico Russo conquistar o ouro na patinação artística de mulheres com a participação de Valieva, os jornais RBC e Kommersant publicaram que a jovem Kamila Valieva teria sido pega no exame antidoping.
O produto que a fez testar positivo tinha a substância trimetazidina, um remédio para angina com a função dilatadora. Ou seja, provoca relaxamento e alargamento nos músculos internos dos vasos sanguíneos, o que melhora o fluxo de sangue. No mesmo dia, o COI adiou a cerimônia de entrega de medalha na patinação artística feminina.
Dois dias após a notícia do doping de Valieva, a Agência Internacional de Testagem confirmou a informação. Em 25 de dezembro, Valieva foi testada no campeonato nacional de seu país, mas o resultado positivo para a trimetazidina não foi divulgado até o dia 8 de fevereiro – data da contraprova, também positiva, e um dia após a conquista do ouro por equipes.
Técnica alega inocência
Mesmo com o resultado, a agência anulou a suspensão preventiva da atleta. No último sábado (12), Eteri Tutberidze, técnica da patinadora, relatou que o caso é “muito controverso e difícil” e alegou acreditar na inocência da jovem. Também no sábado, a Rusada comunicou que o laboratório sueco responsável pelas análises demorou para liberar os resultados em decorrência do surto da Covid-19 causado pela variante ômicron.