O ex-jogador e empresário Ronaldo Fenômeno comentou, em participação no podcast Mano a Mano, sobre sua relação com a luta contra o racismo e com as ofensas já sofridas ao longo da carreira. Ele afirma que, por ignorância, demorou a se manifestar publicamente sobre o problema.
A entrevista do dono da SAF do Cruzeiro ao rapper Mano Brown foi ao ar na última quinta-feira (6). Durante a conversa, os dois falaram sobre os recentes ataques racistas sofridos por Vini Jr. no Real Madrid, além de levantar possibilidades para combater esses crimes.
“Para mim é crime, esse cara [o racista] tem que ser punido severamente e as novas gerações têm que ver isso acontecer. O cara vai lá, xinga, duas horas depois sai da delegacia. Tem que mexer no bolso do racista, pagar uma fortuna para sair e esse dinheiro vai para a vítima, e cadeia”, declarou Ronaldo.
O empresário, que também é proprietário do clube espanhol Valladolid, contou também que um homem racista foi identificado em um dos jogos no estádio do time, o José Zorrilla, após ataque a Vini Jr. “Puxamos a ficha dele, era filho de um policial da cidade”, afirmou.
Leis mais severas
Para o empresário, o racismo deve ser combatido por meio da política. “Tinha que criar leis bem mais severas. O racista não vai deixar de ser racista por uma campanha antirracista. As campanhas são para os jovens, aí é educação, os pais…”, disse.
“Agora, [para] os racistas, é cadeia, dinheiro pesado. Aí você vai ver que vai ter menos casos de racismo. E tem que denunciar sempre”, completou.
Luta contra o racismo
Ronaldo também afirmou que a questão do racismo sempre esteve presente na vida dele, principalmente por causa do pai, Nélio Nazário de Lima, que é negro. O ex-jogador conta que o pai acabou de escrever um livro em que relata muitas experiências com ofensas racistas, desde quando era criança.
Em 2019, Nélio foi à escola das filhas de Ronaldo para dar uma aula sobre racismo estrutural e o Fenômeno se pronunciou: “Quem nega o racismo é racista. Precisamos descortiná-lo e desconstruí-lo para que possamos educar nossos filhos”.
Questionado por Mano Brown, o empresário também revelou que já sofreu muito preconceito na Espanha e já foi chamado de “macaco brasileiro” no país. Ele ainda comentou sobre seu papel na luta contra o racismo e como vem buscando dar mais visibilidade ao problema nos últimos anos.
“Antigamente, eu tinha uma orientação menos conflitiva nesse aspecto e fazia as coisas mais silenciosamente, para tentar mudar esse aspecto. Tinha uma responsabilidade maior contra a pobreza, fui muito ativo nessa luta. Não era ativo na luta contra o racismo por ignorância”, disse.
“Passei a vida inteira tentando não entrar nessa luta contra o racismo, achava que podia ser uma guerra perdida, dar murro em ponta de faca. Mas de uns 10, 15 anos pra cá, sou muito mais ativo nisso”, completou Ronaldo Fenômeno.