Suspensa por doping no vôlei, Tandara apoia restrições a atletas trans na natação e web reage: ‘Hipocrisia’

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Após caso de doping, a jogadora foi afastada por quatro anos das quadras (Reprodução/Instagram/@tandaracaixeta)

Por meio de suas redes sociais, a jogadora de vôlei Tandara Caixeta comemorou a decisão recente da Federação Internacional de Natação (Fina), que impõe restrições a respeito da participação de mulheres trans no esporte. Uma das medidas, por exemplo, estabelece que atletas trans que passaram pela transição após a puberdade masculina serão vetadas de competir em torneios femininos.

“Como sempre disse, eu não sou contra ninguém, sou contra a injustiça. Essa regra deveria se estender a todos os esportes”, escreveu ontem (20) a brasiliense. Após o posicionamento, ela foi criticada por usuários que lembraram do escândalo de doping, que a afastou das quadras por quatro anos (relembre mais abaixo).

As restrições

A Fina informou que em esportes como natação, maratona aquática, polo aquático e salto artístico, homens trans poderão disputar as provas tendo realizado a readequação de gênero em qualquer idade. Já as mulheres trans que já tiverem passado por uma “puberdade masculina” após os 12 anos de idade estão vetadas das competições de modalidades aquáticas. Além disso, foi estipulado o limite máximo de 2,5 mmol/L de testosterona. 

A decisão foi criticada por Joanna Maranhã, ex-nadadora e atual integrante do Conselho de Ética do COB (Comitê Olímpico Brasileiro). Segundo a medalhista de quatro Jogos Pan-americanos, esse nível “é baixo até pra quem não é atleta” e a mudança “exclui a participação de pessoas trans”. A Fina divulgou as normas atualizadas para atletas trans no último domingo (19), no Mundial da Hungria.

Repercussão

Tandara, que é pré-candidata a deputada federal pelo partido MDB, recebeu diversas críticas após a postagem. “Ela vai usar os comentários num vídeo pra campanha eleitoral onde ela se faz de vítima”, escreveu uma internauta.

Alguns usuários sugeriram uma suposta hipocrisia da atleta ao ressaltarem o apoio que Tandara já recebeu da jogadora de vôlei Tiffany, que é trans: no Instagram, é possível ler comentários como “A Tiffany te apoiando no doping que ninguém mais acredita em você, e você posta isso?” e “Felizmente, a Tif não teve que conviver essa temporada com você e seu pensamento lamentável”. Leia alguns tweets:

Entenda a ‘bronca’ dos internautas

Ao final de maio deste ano, Tandara Caixeta foi condenada por doping em decorrência do uso de ostarina e está suspensa por quatro anos, a pena máxima da infração. A decisão ocorreu por unanimidade dos três auditores do julgamento no Tribunal de Justiça Desportiva Antidopagem.

atleta de 33 anos pode recorrer e apelar à Corte Arbitral do Esporte (CAS), na Suíça. Em caso de cumprimento de pena, ela não poderá participar das Olimpíadas de Paris em 2024.

Por meio de suas redes sociais, Tandara se manifestou e alegou inocência no processo. “Eu tenho orgulho dos meus mais de 18 anos de carreira sem nenhuma mancha. Minha vida é o vôlei e quem me conhece sabe que não faria nada que pudesse destruir tudo isso que construímos em todo esse tempo”, escreveu (saiba mais).

Relembre o caso

Em agosto do ano passado, a notícia de que Tandara havia testado positivo no exame antidoping foi divulgada 10 horas antes da partida de semifinal das Olimpíadas, disputada contra a equipe da Coreia do Sul. Em nota, o COB disse que a suspensão se deve a uma “potencial violação de regra antidopagem” em exame realizado no dia 7 de julho, ou seja, antes da competição.

Após a divulgação, a atleta foi suspensa preventivamente e retornou ao Brasil. Em nota publicada na época, a defesa da jogadora argumentou que o contato com a substância ostarina – pertencente a uma classe de anabolizantes – não foi proposital. Além disso, a defesa também ressaltou que a contraprova do exame ainda não foi analisada e lembra que a atleta não vivenciou nenhum caso parecido em sua carreira. Leia mais aqui.

Edição: Roberth Costa
Beatriz Kalil Othero[email protected]

Jornalista formada pela UFMG, escreve para o BHAZ desde 2020, e atualmente, é redatora e fotógrafa do Portal. Participou de reportagens premiadas pela CDL/BH em 2021 e 2022, e pela Rede de Rádios Universitárias do Brasil em 2020.

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