Escola edita ‘decotes’ de 80 alunas e gera revolta: ‘Fiquei enojada’

Foto yearbook EUA
Fotos de adolescentes recebem “photoshop” e antes e depois revolta alunas, pais e responsáveis (Reprodução/WOKV)

Um colégio alterou digitalmente um total de 80 fotos, que considerou impróprias, do anuário escolar, na última semana. Todas eram de meninas. Fotos de antes e depois de várias alunas de 14 a 15 anos na Bartram Trail High School, na Flórida, nos Estados Unidos, mostram as edições explícitas. Elas relataram ao WOKV, jornal local, que se sentiram humilhadas, além de reclamarem da sexualização e exigirem um pedido de desculpas da escola.

“O padrão duplo é claro. Eles olharam para o nosso corpo e pensaram que apenas um pouco de pele aparecendo é sexual”, disse Riley O’Keefe, aluna do nono ano, que corresponde à 1ª série do Ensino Médio no Brasil. “Eles olharam para os meninos, para as fotos da equipe de natação e outras fotos de esportes e acharam que estava tudo bem, e isso é realmente perturbador e desconfortável.”

“Eu não sei quem está na equipe. Não sei se é homem ou mulher, de qualquer forma não está tudo bem”, disse Zoe Iannone, aluna da mesma série. “Eles abriram o anuário, viram fotos e essa foi a primeira coisa com que se preocuparam. Foi injusto e fiquei horrorizada, fiquei enojada”.

“Você não está apenas alterando a foto delas, não é apenas para protegê-las, você as está deixando desconfortáveis ​​e sentindo que seus corpos não são aceitáveis ​​em um anuário”, disse O’Keefe. A aluna disse que usava exatamente a mesma roupa para ir ao escritório e eles disseram que estava tudo bem.

Alunas não foram avisadas da alteração (Reprodução/@BenRyanANJax/Twitter)

Depois de ver a foto do anuário, ela se sentiu desconfortável, mas queria falar e pressionar por mudanças. “Não quero que as meninas sintam que não têm voz”, disse ela. “Especialmente as meninas que não estão, não se sentem confortáveis ​​para falar sobre isso.”

Humilhação

Da mesma forma, pais se sentiram ofendidos e se manifestaram sobre o caso. “O duplo padrão não é justo. ‘Desculpa’ não muda a forma como essas crianças se sentiram, não vai mudar a confusão, não vai mudar a humilhação e o bullying que algumas dessas crianças estão suportando”, disse a mãe de uma aluna.

O distrito escolar do condado de St. Johns confirmou que um total de 80 fotos do anuário do colégio Bartram Trail foram editadas. O distrito ainda disse que as fotos do anuário devem seguir as diretrizes do código de vestimenta e considerou as 80 fotos inadequadas. Desde então, o distrito escolar disse à Action News Jax que foi uma professora do anuário que tomou a decisão.

A mãe relatou que os pais nunca receberam um recado de violação de código de vestimenta da escola. “A minha filha já usou a roupa que estava no dia da foto cerca de 50 a 100 vezes na escola”, contou. “Parece que as meninas estão sendo culpadas por terem corpos de meninas”.

O’Keefe diz que não importa o que as pessoas digam, ela continuará a defender a si mesma e aos outros. “O código de vestimenta e a sexualização do corpo das meninas vêm acontecendo há muito tempo”, disse ela. “Todas as mensagens que recebo sobre as pessoas serem gratas por eu ter falado fazem valer a pena, e eu faria isso um milhão de vezes.”

Silêncio

Action News Jax solicitou entrevistas com o superintendente, o diretor, a pessoa que fez a edição e um membro do comitê do anuário, mas recebeu resposta de que “ninguém está disponível para uma entrevista.” Depois de esforços constantes, nenhum funcionário se manifestou.

A escola disse que reembolsará os pais que reclamarem do problema. O jornal local recebeu a seguinte declaração: “O procedimento anterior da Bartram Trail High School era de não incluir fotos de alunos no anuário que eles considerassem uma violação do código de conduta do aluno, então as alterações digitais eram uma solução para garantir que todos os alunos fossem incluídos no anuário. Neste ponto, a escola está oferecendo reembolso a todos os pais que ligarem sobre este assunto. A escola está recebendo feedback dos pais, responsáveis, alunos sobre como tornar este processo melhor para o próximo ano”.

Uma mãe que não queria que sua identidade fosse compartilhada disse que um reembolso não é suficiente. “Nossas filhas merecem um pedido de desculpas”, disse a mãe. “Eles estão fazendo com que se sintam envergonhadas por serem quem são”.

Tanto os pais quanto os alunos disseram que entendiam o que estavam tentando fazer, mas falaram que o tiro saiu pela culatra e eles exageraram.

Edição: Roberth Costa

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