A prefeitura da cidade italiana que decidiu tornar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) cidadão honorário será alvo de uma manifestação na segunda-feira (1°). Ativistas ambientalistas já se adiantaram e resolveram jogar esterco no edifício, nesta sexta-feira (28), além de pichar a fachada da prefeitura com os dizeres “Fora Bolsonaro”.
O ato foi organizado pela Rise Up 4 Climate Justice, coletivo que atua contra a crise climática global. A manifestação maior, que também contará com ONGs e partidos políticos, foi marcada para o dia em que Bolsonaro chegará à cidade de Anguillara Veneta.
O presidente brasileiro embarcou ontem (28) para Roma para participar da cúpula do G20. No dia 1°, ele vai ao pequeno município italiano onde foi homenageado. A Câmara Municipal de Anguillara Veneta aprovou a proposta de conceder o título de cidadão honorário ao Bolsonaro por causa do bisavô do mandatário, que nasceu na cidade.
Protesto
Nas redes sociais, a Rise Up 4 Climate Justice compartilhou vídeos e fotos que mostram o ato realizado na prefeitura. “A figura de Bolsonaro representa perfeitamente o modelo capitalista, predatório, destrutivo e colonialista contra o qual lutamos”, defende o grupo.
Os ativistas apontam que o presidente do Brasil nega a crise climática e é responsável por desmatar grandes áreas da Floresta Amazônica, contribuindo para a destruição do meio-ambiente.
“Desde as primeiras horas do início da pandemia de Covid-19, causada pela alteração dos ecossistemas provocada exatamente pelas mesmas políticas que Bolsonaro instiga, [ele] tem se mostrado um negacionista do vírus, realizando políticas de saúde que negaram tratamento e assistência à saúde à população brasileira”, argumentam.
Bolsonaro como cidadão honorário
A aprovação da proposta de conceder o título de cidadão honorário a Bolsonaro na Câmara Municipal de Anguillara Veneta ocorreu em meio a protestos de líderes políticos, ativistas e religiosos locais, na segunda-feira (25).
A ideia da concessão do título veio da prefeita Alessandra Buoso. Por meio de comunicado divulgado pelo deputado ítalo-brasileiro Luis Roberto Lorenzato, do partido de extrema-direita Liga, a prefeita afirmou que a concessão tem como objetivo reforçar os laços entre a Itália e o Brasil e trazer reconhecimento a todos que deixaram sua terra natal.
Alessandra Buoso ainda afirmou que se sentiu perturbada de saber que a homenagem foi “distorcida e manipulada para fins políticos”. Para ela, a concessão da cidadania honorária só teve motivações simbólicas e não tem relação com o posicionamento político do presidente da República.
A decisão foi tomada na Câmara Municipal mesmo depois de várias manifestações de oposição à ideia na Itália. Vanessa Camani, parlamentar da Assembleia Legislativa Regional do Vêneto, criou uma campanha contra a concessão do título a Bolsonaro.
“Não à cidadania a um racista, misógino e negacionista! Me deixa arrepiada a proposta da prefeita de Anguillara Veneta de conferir a cidadania honorária a Bolsonaro, conhecido pelos elogios à ditadura militar, pelo desprezo e ofensas a mulheres e homossexuais, pelas ameaças de prisão aos adversários políticos, ou pelas grotescas acusações às ONGs por incêndios que devastaram a Amazônia”, protestou a política nas redes sociais.
“Sem considerar a obscena gestão da pandemia de Covid-19, que colocou Bolsonaro entre os protagonistas do negacionismo mundial, pelo que uma comissão de inquérito do Senado brasileiro vai pedir que ele seja acusado de ‘crimes intencionais’”, completou. A publicação faz menção ao relatório final da CPI da Covid.
