O cantor e compositor Marilyn Manson está sendo acusado, por meio de uma série de relatos publicados na Rolling Stone nesse domingo (14), de ter abusado sexual e psicologicamente de mulheres. Segundo a reportagem, o artista possui uma caixa de vidro à prova de som em seu apartamento em Nova York (EUA), onde os abusos teriam ocorrido.
De acordo com a publicação, o local tem o nome de “quarto das meninas más”. Conforme relatou uma das mulheres ouvidas, Marilyn usava a caixa de vidro para “punir as transgressões” de suas parceiras.
Ex-namorada do cantor, Ashley Morgan Smithline relatou que o artista a deixava por horas na caixa, em um ritual de tortura. “No começo, ele fazia parecer algo legal. Então, ele a fez parecer algo bastante punitivo. Mesmo que eu gritasse ninguém me ouviria”, contou.
Sangue e suásticas
Ashley Walters, uma ex-assistente de Marilyn Manson que já o processou por agressão sexual, em maio deste ano, também descreveu a caixa de vidro e o comportamento do artista. Ela disse que Manson “mantinha [a caixa] em um tom de piada, se gabando”.
Os móveis do local em que a caixa fica seriam decorados com sangue, suásticas e fotos pornográficas. A pintura do apartamento é toda em preto, e as cortinas impedem a entrada da luz. Além disso, de acordo com a Rolling Stone, a temperatura do quarto é sempre de 18°C.
Vítimas de Manson se reúnem
Em outubro de 2020, em Los Angeles, as atrizes Esmé Bianco e Evan Rachel Wood, a ex-assistente de Marilyn, Ashley Walters, a ex-namorada Ashley Morgan, e a modelo Sarah McNeilly se reuniram para compartilhar relatos sobre os abusos do cantor.
Ashley Walters disse que ficou pasma ao ouvir algumas das histórias naquele dia. “Eu apenas pensei: ‘Não posso acreditar que isso aconteceu com tantas garotas’. Assim que começamos a conversar… Você podia ver o sangue sumir do rosto de todos, tipo, ‘eu pensei que era o único’”.
Ainda no ano passado, mais de 12 mulheres apresentaram acusações de abuso psicológico e sexual contra Brian Warner, nome verdadeiro de Marilyn Manson. Vários desses relatos foram publicados em grandes revistas internacionais, e quatro das vítimas entraram com ações cíveis.
Personagem de ‘demônio vivo’
Algumas das vítimas que conversaram com a Rolling Stone disseram que o cantor escondeu seus abusos por trás do personagem de “demônio vivo”, que seria a proposta de Marilyn Manson, e que recebeu apoio da indústria musical.
A atriz Evan Rachel Wood publicou uma carta aberta contra Marilyn em fevereiro deste ano, relatando que o cantor havia abusado dela. “O nome do meu abusador é Brian Warner, também conhecido como Marilyn Manson”, iniciou a mensagem.
“Ele começou a me aliciar quando eu era apenas uma adolescente e abusou horrivelmente de mim durante anos. Fui submetida a uma lavagem cerebral e manipulada até a submissão. Eu estou cansada de viver com o medo da retaliação, calúnia ou chantagem”, disse a atriz.
Ela finalizou, dizendo: “Estou aqui para expor esse perigoso homem e chamar a atenção das diferentes indústrias que o permitiram, antes que ele arruine mais vidas. Eu estou com as várias outras vítimas que não ficarão mais em silêncio”.
Crime Sexual: Onde conseguir ajuda?
Caso você seja vítima ou conheça alguém que precise de ajuda, pode fazer denúncias pelos números 181, 197 ou 190. Além deles, veja alguns outros mecanismos de denúncia:
Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher: av. Barbacena, 288, Barro Preto | Telefones: 181 ou 197 ou 190
Casa de Referência Tina Martins: r. Paraíba, 641, Santa Efigênia | 3658-9221
Nudem (Núcleo de Defesa da Mulher): r. Araguari, 210, 5º Andar, Barro Preto | 2010-3171
Casa Benvinda – Centro de Apoio à Mulher: r. Hermilo Alves, 34, Santa Tereza | 3277-4380
Ponto de Acolhimento e Orientação à Mulher em Situação de Violência: avenida dos Andradas, 3.100, no Núcleo de Cidadania da Câmara Municipal de Belo Horizonte.
Aplicativo MG Mulher: Disponível para download gratuito nos sistemas iOS e Android, o app indica à vítima endereços e telefones dos equipamentos mais próximos de sua localização, que podem auxiliá-la em caso de emergência. O app permite também a criação de uma rede colaborativa de contatos confiáveis que ela pode acionar de forma rápida caso sinta que está em perigo.
Seja qual for o dispositivo mais acessível, as autoridades reforçam o recado: peça ajuda.