Ouro Preto: Nível de barragem tem alteração e moradores são retirados de casa em meio a pandemia

pessoas retiradas casa
Quase 300 pessoas vão ter que sair de suas casas (Defesa Civil/Divulgação)

A Defesa Civil Estadual informou nesta segunda-feira (13) que 61 famílias precisarão deixar suas casas na região de Antônio Pereira, em Outro Preto, na região Central de Minas Gerais. No meio da pandemia do novo coronavírus, 235 pessoas passarão a morar em casas alugadas. O motivo é o aumento do nível de risco da Barragem do Doutor, que pertence a Vale.

Onze famílias já foram retiradas do local e o cronograma para a evacuação de todas as famílias precisa ser cumprido até o fim de abril.

Localização da Barragem Doutor (Defesa Civil/ Reprodução)

Conforme o tenente-coronel Flávio Godinho, um posto de comando foi criado em Mariana, na mesma região, para facilitar os trabalhos. A estrutura da mineradora está em nível dois de emergência desde o início de abril. Com isso, o protocolo adotado em Minas Gerais requer a retirada das famílias que vivem na área onde passaria a lama [zona de autossalvamento], em caso de rompimento da barragem.

A Vale explicou que não há risco de rompimento e que a elevação do nível se deve a uma mudança nos critérios da empresa para determinar a segurança de estruturas. Em fevereiro, a mineradora já havia avisado sobre o procedimento.

“A Vale iniciará, em março, o plano de descaracterização da barragem Doutor, da Mina Timbopeba, em Ouro Preto (MG), localizada a 40km da sede da cidade. Para garantir a segurança durante a fase de execução das obras, os órgãos de defesa civil estadual e municipal, com o apoio da Vale, vão realocar, temporariamente, as famílias residentes à jusante da estrutura, em Antônio Pereira. Essas pessoas serão encaminhadas para hotéis da região e, posteriormente, para moradias temporárias conforme as suas escolhas”, detalhou a empresa.

Detalhamento da evacuação (Defesa Civil/ Reprodução)

O que diz a Vale?

Em fevereiro, a Vale publicou em seu site um comunicado sobre a situação da barragem. Confira o comunicado:

“Vale iniciará, em março, o plano de descaracterização da barragem Doutor, da Mina Timbopeba, em Ouro Preto (MG), localizada a 40km da sede da cidade. Para garantir a segurança durante a fase de execução das obras, os órgãos de defesa civil estadual e municipal, com o apoio da Vale, vão realocar, temporariamente, as famílias residentes à jusante da estrutura, em Antônio Pereira. Essas pessoas serão encaminhadas para hotéis da região e, posteriormente, para moradias temporárias conforme as suas escolhas.

Importante ressaltar que se trata de uma remoção preventiva programada. A barragem Doutor está em nível 1 do Plano de Ação de Emergência de Barragens de Mineração (PAEBM), que não exige evacuação da população à jusante, e não recebe rejeitos desde março de 2019. Não há qualquer situação que exija a elevação de nível de emergência.

A Vale dará toda a assistência e apoio necessários a essas pessoas até que a situação seja normalizada. A empresa colocou à disposição, além da hospedagem, alimentação, transporte e itens de necessidade básica.

Cerca de 160 animais, entre domésticos de pequeno e grande porte, também serão realocados e receberão acolhimento. Eles serão encaminhados para uma fazenda alugada pela Vale, onde receberão todo o cuidado clínico necessário e alimentação até quando puderem ser devolvidos aos seus donos.

No fim de agosto, a barragem Doutor foi reclassificada pela Agência Nacional de Mineração (ANM) quanto ao método construtivo, de linha de centro para montante. Novos critérios de classificação de barragens foram estabelecidos pela Resolução 13/2019. A Vale optou por desativar imediatamente a estrutura e proceder com a sua descaracterização, reforçando seu compromisso com a segurança e a eliminação de todas as suas estruturas a montante“.

Aline Diniz[email protected]

Editora do BHAZ desde janeiro de 2020. Jornalista diplomada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) há 10 anos e com experiência focada principalmente na editoria de Cidades, incluindo atuação nas coberturas das tragédias da Vale em Brumadinho e Mariana. Já teve passagens por assessorias de imprensa, rádio e portais.

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